domingo, 9 de outubro de 2011

HISTÓRIA DE MARIA (5º Conto)


Parte 2
Quando Maria chegou ao Algarve foi acolhida pela sua Tia Júlia, o marido António e os primos João e Catarina com muita satisfação e tentaram fazer com que ela se sentisse totalmente à vontade e não ficasse assustada com a sua nova vida.
Dado os tios estarem bastante afastada da sua localidade, mais de 700 km, pouco contacto tinha com eles e de inicio custou-lhe imenso habituar-se a um novo viver com outras pessoas, mas aos poucos tudo se iria compor.
Para se ambientar à nova vida, Maria não foi logo trabalhar na primeira semana porque sua tia achou por bem mostrar-lhe inicialmente como se deslocar na sua nova morada, indicar-lhe os locais que lhe poderiam ser mais úteis e todos os caminhos a percorrer para não se perder. Assim tirou férias, dado que trabalhava como enfermeira no hospital de Faro, para a poder acompanhar nestes primeiros dias.
A casa onde Maria iria trabalhar era de pessoas amigas da família e cujo dono é colega de trabalho do tio António e frequentavam amiúde as casas uns dos outros. Ficava a cerca de 5km da casa dos tios e teria de apanhar um transporte para se deslocar até lá, pelo que sua tia teve de lhe ensinar onde era a paragem e onde sair.
Apresentou-a aos seus novos patrões como sendo a sua sobrinha, que começaria a trabalhar na semana seguinte e para que ficassem a conhecer a sua nova empregada.
Maria estava ainda muito envergonhada e também ficou assustada com a dimensão e riqueza daquela casa. Os donos eram um casal de meia-idade, na casa dos 55 anos, a D. Amélia e o Sr. Sampaio e soube que tinham 3 filhos, 2 rapazes e uma rapariga, que estudavam no estrangeiro e só estavam presentes em altura de férias.
Fizeram-lhe uma visita guiada pela casa e deram-lhe a conhecer mais ou menos o que esperavam que ela fizesse mas nas devidas alturas lhe seriam dadas ordens mais elaboradas. Acordaram o seu vencimento, dias de folga e outros pormenores para que ficasse tudo esclarecido. Pareciam ser uns patrões bastante acessíveis e com muita simpatia e deixaram-na menos assustada. Colocaram-na mais à vontade quando lhe disseram que seria ajudada por outros empregados que a casa tinha. O seu horário de trabalho seria das 9h da manhã até às 19h.
Depois desta primeira entrevista o resto da semana foi para passear pelo Algarve, conhecer melhor seus tios e primos e até deu para fazer uns dias de praia, coisa que Maria nunca tinha feito, pois no Gerês o que ainda podia fazer era ir até ao rio e pouco mais. Nunca tinha entrado no mar e foi maravilhosa a primeira vez que o fez, sentia-se mais feliz depois de desfrutar de toda essa beleza e começou a sentir-se menos triste, só a lembrança do seu Luís a fazia chorar quando ficava sozinha no seu quarto. Tentava sempre esconder de todos este relacionamento porque ninguém sabia e tinha medo da reação de seus pais.
Durante essa semana não teve nenhuma notícia de Luís porque ela seria a primeira a escrever-lhe e lhe dar a morada utilizar. Maria enviou a sua primeira carta a dar-lhe notícias de si e pediu que lhe escrevesse logo mas que no envelope colocasse o nome de Luísa Maria para disfarçar e ela poder dizer que era duma amiga.
Logo a semana passou e no dia seguinte seria o seu primeiro dia como empregada doméstica da família Sampaio.

sábado, 24 de setembro de 2011

HISTÓRIA DE MARIA

Parte 1

Maria impaciente, hesita e deambula pela casa. Aquela sensação de poder estar grávida deixava-a preocupada e ao mesmo tempo muito feliz, mas achava que era impensável naquela altura. Tinha de tirar teimas rapidamente e para isso teria de comprar um teste de gravidez logo que possível para desfazer esta dúvida na sua cabeça.

Sempre sonhou ser mãe mas não era o momento oportuno. Conseguiu encontrar um homem de boas posses e mantinha uma boa relação, era uma senhora de grande respeito no meio da alta sociedade, mas seu coração nunca se desligou do seu grande amor de juventude. O seu casamento estava a ser preparado e faltavam apenas 2 meses para se casar com Rodrigo Sampaio.

Teve uma infância cheia de dificuldades e piorou quando sua mãe teve de abandonar ainda jovem o trabalho para cuidar dos 2 filhos gémeos que nasceram. Não tinham dinheiro e nem outros familiares por perto para poderem ajudar e tomar conta deles pelo que a mãe teve de permanecer por casa para cuidar dos filhos.

Seu pai era o único que trabalhava mas o dinheiro não chegava, pois era empregado numa fábrica têxtil e o seu vencimento era muito pequeno para sustentar 5 pessoas.

Maria, filha mais velha, quando começou a estudar pouca ajuda teve para comprar livros e materiais escolares e a partir dos 16 anos teve de abandonar os estudos, passado pouco tempo dos seus irmãos terem nascido e as despesas começarem a aumentar.

Assim, ajudou a mãe a criar os irmãos e para contribuir nas despesas fazia limpezas quando sabia de alguém que precisava desses serviços.

Do seu tempo de escola, Maria teve um namorado que conseguiu manter escondido de seus pais e de vez enquanto dava umas escapadelas de casa para se poder encontrar com ele, chamava-se Luís e foi sempre a sua grande paixão. Luís também era pobre mas como era filho único ainda conseguiu continuar a estudar e era no final das aulas que esperava sempre à porta da escola pela sua amada.

Com tantos contratempos e dificuldades, Maria foi obrigada repentinamente a ir trabalhar para o Algarve como empregada doméstica em casa de uma família rica que estava interessada em contratar uma pessoa de confiança e a sua tia Júlia, que sabia da aflição da família de sua irmã que vivia naquela pequena localidade perto do Gerês, logo propôs ajudar daquela forma, tendo convidado a sobrinha para viver com ela. Assim Maria teve que fazer as malas e partir contrariada.

A sua relação com Luís teve um corte brusco. Ambos eram pobres e muito jovens para poderem deslocar-se e matarem saudades e Maria ainda tentou fazer com que seus pais mudassem de ideias mas em vão, pelo que sofreu imenso com esta separação.

Só lhes restava trocar correspondência fazendo juras de amor e promessas que um dia aquele afastamento iria terminar e pediam um ao outro para esperarem que o destino os voltasse a juntar.

(continua....)