terça-feira, 24 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 10 e Final)

Ele já estava sentado à sua espera. Sandra avaliou aquela pessoa de alto a baixo e gostou da sua aparência. Tinha uma alta estatura – lembrou-se do seu Carlos – era idêntico. O cabelo castanho, empestado de gel, todo penteado para trás, pele morena. Os olhos também eram castanhos, pois conseguia-se ver mesmo por detrás daquela pequena máscara. Usava um bigodinho muito fininho que lhe dava um ar de D. Juan. Vestia-se com um gosto apurado. Começou a agradar-lhe ter que fazer este “Table Dance” e então disse cheia de simpatia:
- Boa noite, posso começar?
Ele só acenou com a cabeça a dizer que sim e sorriu.
Sandra fez o que lhe competia com muita destreza e um certo prazer, tentando provocá-lo ao máximo e sentia que estava a conseguir fazê-lo bem, dado que o olhar dele brilhava de entusiasmo e as suas mãos pareciam agitar-se a querer tocá-la, coisa que não era permitida. Mas Sandra é que, de vez enquanto, lhe passava as mãos pelo corpo deixando-o ainda mais excitado. Ao mesmo tempo ele sorria matreiro e lambia os lábios, provocando-a também. A uma dada altura, no meio da sua dança, ele retira uma nota do bolso e prende-lhe no fio que segurava a tanguinha. Como a ambição de Sandra era muito forte, esforçou-se ainda mais para conseguir outras iguais, demorando mais tempo a despir-se das suas pequenas vestes. E obteve mais algumas até ao final, quando se encontrava totalmente despida, acabando sentada no colo dele, ousando cravar-lhe um beijo nos lábios cheia de sensualidade, ao que ele correspondeu. Levantou-se e agradeceu:
- Muito obrigada, espero que tenha gostado! – disse Sandra.
Sem falar nada ainda, ele retira do bolso um envelope e entrega-lhe. Ela abre e começa a ver o conteúdo – pensando inicialmente que se tratava de mais algum montante – quando repara que se tratava de uma factura no valor de 750€ do seu advogado Carlos Costa, ficando estupefacta. Num gesto rápido retira-lhe a máscara e vê que tem na sua frente o próprio Carlos, que retira de seguida aquele bigodinho que estava ali só para disfarçar.
- Mas que é isto? – diz Sandra surpresa.
- Bem minha amiga, como podes observar, isso é o que vais ter que me pagar pelos serviços que me encomendaste. Em anexo tens o extracto da tua conta de telefone, mencionando os números para quem ligaste e os números que ligavam para ti. Parece que havia um fantasma que ligava a umas certas horas, que nem registado ficava. – disse Carlos ironicamente.
- Não me podes fazer isto! – disse assustada.
- Não me contrataste para te fazer um serviço? Quando entraste pela primeira vez no meu escritório, tive logo a certeza que te conhecia de algum lado. Logicamente mais tarde recordei-me de onde, dado eu já ter frequentado esta casa antes minha linda. Disse-te ontem que te ia dar novidades, fiz o meu serviço e exijo ser pago por ele. Tens tudo por escrito, e podes ver as voltas que tive de dar para desvendar o teu mistério. Com o trabalho não se brinca Sandra e tens 1 mês para me pagar, senão será ainda pior para ti! Tem uma boa noite e não me apareças mais na frente, manda o cheque pelo correio se faz favor! – arrancou-lhe as notas da mão e saiu porta fora.
E foi assim que uma noite que parecia de glória virou um pesadelo. A sua ambição deixou-a tão cega que não olhou a meios para subir na vida e teve a lição que merecia.

------trecho escrito por Paula Costa em 24.07.2007------

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domingo, 22 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 9)

Quando chegou, dirigiu-se ao camarim e ainda deu dois dedos de conversa com as suas amigas de trabalho antes de começar o show. É uma das tarefas, até ser a sua vez de actuar, de conviver com certos fregueses sentando-se nas suas mesas para conseguir que façam mais despesa à casa e de os deixar mais animados.
A boite estava cheia, era uma sexta-feira e normalmente era já habitual haver mais clientes nesse dia.
Ao circular por algumas das mesas Sandra reparou num grupo de três amigos bastante animados e achou um pouco estranho porque todos usavam uma pequena mascarilha, deixando-a intrigada. Concluiu que deveriam ser pessoas que não queriam ser reconhecidas naquele antro de prazer, talvez devido a serem casados ou conhecidos da sociedade. Abstraiu-se e continuou a sua tarefa, e porque se aproximava a sua vez de actuar, foi vestir-se adequadamente para fazer o seu streptease.
Entrou no palco vestida com uma super mini-saia e um top a condizer preenchidos de lantejoulas. Calçava umas sandálias muito altas revestidas ao mesmo tecido. Começou a dançar ao som da musica e agarrou-se ao varão fazendo manobras sensuais que deixava os homens loucos de prazer. Lentamente começou a despir as poucas roupas que transportava, começando pela saia, deixando à mostra uma reduzidíssima tanga de cor vermelha que trazia por baixo, seguindo-se o top, antevendo-se um peito bem perfeito levemente tapado por um mini-soutian da mesma cor. Começaram a ouvir-se vozes em uníssono vindas da plateia:
- Tira! Despe! Tira! Despe! Tira!
Mais umas piruetas, para os pôr ainda mais loucos, e lá retirou o soutian com uma sensualidade incrível e sempre com um sorriso malandro na boca a provocá-los. Finalizou como se esperava, mostrando o seu corpo escultural despido de qualquer veste e provocando olhares de admiração por tanta beleza.
Saiu do palco bastante ovacionada, o que a deixou super feliz. Quando se dirigia ao seu camarim, foi abordada pelo dono da boite que lhe disse que tinha um cliente que desejava um strip em privado e como era umas das tarefas quando lhe era solicitado, teria de o fazer. Preparou-se novamente para este extra e dirigiu-se à sala onde são efectuados estes privados, deparando-se com um dos senhores que trazia mascarilha, ficando bastante apreensiva.

------trecho escrito por Paula Costa em 22.07.2007------ (continua) ----------

quarta-feira, 18 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 8)

Depois do expediente normal de trabalho Sandra não conseguiu sair a horas, porque um dos engenheiros lhe pediu que dactilografasse uma carta com urgência. Fez o serviço contrafeita e com má cara e quando a foi entregar, para fazer as correcções, reparou que a carta estava praticamente toda alterada. Como já estava atrasadíssima para sair, dado à noite ter de estar a horas no seu trabalho extra na boite, e ainda tinha de ir jantar e trocar de roupa a sua casa para de seguida se deslocar para o local, que ficava a cerca de 50 km de distância, então não esteve com meias medidas, como já andava farta daquele trabalho, respondeu de rajada ao engenheiro:
- Vai desculpar-me Sr. Engº Paulo, mas não poderei fazer as correcções porque estou cheia de pressa, não posso ficar mais tempo e vou embora!
- Sandra, tem de fazer isto, é muito importante ficar pronto hoje! – disse o engenheiro num tom ameaçador e arrogante.
- Impossível continuar aqui mais tempo, vai desculpar-me mas já passa muito da minha hora de saída! – ripostou Sandra convicta e decidida.
- Sabe que está a pôr em jogo o seu emprego? Há muito tempo que a Sandra não anda a ter o mesmo rendimento de antes, que se passa? Assim não pode continuar aqui a trabalhar!
Sandra ficou fora de si, não aguentou aquela pressão depois de já andar farta de aturar os seus superiores, sempre arrogantes e antipáticos e respondeu:
- É isso mesmo, não continuarei mais aqui, façam as minhas contas, quero despedir-me! – e saiu porta fora sem dar mais ouvidos ao engenheiro que não parava de regatear com ela.
Correu para casa muito mais aliviada, pois há muito tempo que sonhava fazer aquilo e agora com um homem rico ao seu alcance, teve a coragem que lhe faltava antes. Ficaria para já com o partime na boite sem que Carlos soubesse e no futuro se veria o que iria acontecer, porque a sua intenção era não ter que trabalhar mais e viver à custa de alguém que lhe desse uma vida estável.
Fez um jantar simples para demorar o menos tempo possível e preparou-se adequadamente para enfrentar mais uma noite longa. Vestia uma mini-saia de ganga, que lhe deixava à mostra as suas belas pernas morenas e longas, combinando com uma blusa branca justa ao corpo e com um decote bem profundo que lhe deixava o peito bem formado um pouco à vista. Calçava uma sandalinha de salto bem alto que a deixava ainda mais esguia. Usou uma maquilhagem bastante provocante, lábios bem vermelhos, olhos delineados a azul e bem pintados. Enfeitou-se ainda de uns lindos brincos, um colar e pulseiras. Estava pronta para enfrentar mais uma noite de gloria e saiu de casa super confiante na sua pessoa.

------trecho escrito por Paula Costa em 18.07.2007------ (continua) ----------

domingo, 15 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 7)

Quando Carlos despertou e olhou o relógio – eram 8,30h – levantou-se de repente assustado porque estava bastante atrasado para o escritório, pois tinha marcado com um cliente uma reunião para as 9h. Acordou Sandra e disse-lhe que tinha de se arranjar à pressa para sair e nem tempo havia para tomar o pequeno almoço.
- Desculpa querida, tem mesmo de ser assim, mas prometo que terei novidades muito brevemente do teu caso e iremos festejar depois sem mais preocupações – disse-lhe num tom convincente e ao mesmo tempo irónico olhando-a fixamente dos olhos.
- Não tem mal Carlos, eu também estou atrasadíssima, depois telefono do trabalho! –sentindo novamente aquela impressão e peso na consciência ao ver-se assim observada.
Carlos vestiu-se acelerado para sair e deu-lhe um beijo nos lábios despedindo-se, o que a deixou menos preocupada e lhe deu mais alento para continuar aquela farsa. Mais uns minutos saiu Sandra também a correr, pois o seu horário era de pegar às 9h e já eram quase 9,30h quando conseguiu chegar. Teve de inventar uma desculpa de que apanhou um acidente no caminho e embarrilou o transito todo. Não estava muito preocupada, pois para ela aquele trabalho seria de pouca dura, bastava ter Carlos na mão para o deixar logo de seguida e viver à custa do seu amado.
No final da tarde, como combinado, Sandra liga a Carlos cheia de ternura na voz depois daquela noite fantástica. Ele também corresponde aos seus intentos deixando-a toda feliz.
- Tenho algumas novidades! – disse Carlos depois daquele inicio de conversa ternurento.
Sandra sentiu um baque, não supunha que novidades seriam e perguntou disfarçando que estava bastante curiosa e interessada.
- Ai sim? Que novidades são essas?
- Logo te direi pessoalmente Sandra!
- Hoje depois do meu trabalho não poderei estar contigo porque tenho um jantar de aniversário da minha amiga Cristina – ocorreu-lhe inventar, dado que nessa noite era dia de ir à boite fazer o seu show de stripetease.
- Pena querida, mas só te vou dar as novidades quando estiver contigo, vou deixar-te curiosa até lá! – mais uma vez usou um tom de voz meio sarcástico e deu uma ligeira gargalhada.
- Oh Carlos, isso não se faz, mas tudo bem eu aguento – sorriu mas a sua alma estava amedrontada, não sabia o que seria que Carlos descobriu e lhe ia dizer.
Combinaram então encontrar-se no dia seguinte para almoçar juntos e para Sandra ficar a par de tudo o que haveria para dizer sobre o seu caso.
Mal desligou, Sandra liga para a amiga Cristina a contar-lhe tudo o que se passou e todos os receios que também tinha, dado Carlos dizer-lhe que havia novidades do seu caso. Cristina aconselhou-a mais uma vez a ser prudente e a desistir de tudo, pois caso se descobri-se ela poderia meter-se em maus lençóis. Um advogado é bastante astuto e sabe mexer-se para encontrar seja o que for. Estas palavras deixaram Sandra ainda mais intranquila, mas já era tarde para voltar atrás depois daquele envolvimento que conseguiu obter na noite passada, e disse à sua amiga que iria continuar, tinha esperança que tudo desse certo.

------trecho escrito por Paula Costa em 15.07.2007------ (continua) ----------

sábado, 14 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 6)

Entraram e Sandra colocou Carlos à vontade e ele não se fez rogado. Despiu o seu casaco e ficou só em mangas de camisa e disse à sua anfitriã que para estar melhor também iria tirar a gravata. Ela sorriu e disse-lhe que fazia muito bem, não era de cerimónias e em sua casa só estava ela. Serviu-lhe um digestivo antes do jantar, um Martini com limão, e deixou-o na sala para ir buscar o jantar à cozinha.
- Que belo aspecto tem este bacalhau e cheira muito bem! – disse Carlos.
- Espero que goste, estive a cozinhá-lo antes de o ir buscar.
- Parece que adivinhou Sandra, é um dos meus pratos favoritos.
- Fico muito contente, estava meia receosa se seria do seu agrado e não me lembrei de lhe perguntar antes o que mais gostava de comer.
E jantaram muito bem dispostos, conversando sobre o assunto que lhes trazia ali e se haveria telefonemas ou não nessa noite e que planos se seguiriam. Para Sandra nada disso lhe interessava, dava-lhe conversa mas estava era predisposta a poder conquistá-lo e foi para isso se deu a esse trabalho todo.
Terminado o jantar, passaram para o sofá e Sandra serviu os cafés e whisky, pois já tinha notado na ultima vez que jantaram, que era o que Carlos bebia de seguida.
- Parece que nos viram entrar Sandra, afinal ninguém telefona.
- Tem razão, não vai ser assim que desvendamos o mistério, quem será o anormal que me faz isto, que irritante!
- Calma, um dia isso resolvesse, confie em mim! – e olhou-a como que a estudá-la.
Ela sentiu-se estremecer, pressentindo uma inquietação quando aquele olhar lhe pesou na consciência. Será que Carlos poderia descobrir as suas intenções? Mas abstraiu-se disso e continuou a sua conquista.
Falaram sobre as suas vidas, enquanto esperavam o que não iria acontecer – o tal telefonema. Acompanhavam com mais bebida e cada vez estavam mais soltos. Sandra foi colocar musica no seu leitor de CDs e mais descontraída pediu a Carlos para dançar com ela. Ele acedeu pedindo-lhe que o ensinasse dado que não era muito bom dançarino. Ela o agarrou e quando se sentiram colados o clima aqueceu – ouviam a sua respiração cada vez mais ofegante e silenciosos sentiam a musica e o calor dos corpos. Os seus rostos já roçavam um no outro e suas mãos já não estavam quietas, passarinhando como leves massagens sensuais. E o que já era previsível aconteceu, Sandra deslizou pelo rosto de Carlos e o beijou sendo correspondida calorosamente.
As pretensões de Sandra fizeram efeito e os seus planos correram consoante o que previu e fizeram amor toda a noite, esquecendo todo o esquema que ali trazia Carlos inicialmente. Extasiados, já de madrugada, conseguiram finalmente dormir nos braços um do outro.

------trecho escrito por Paula Costa em 14.07.2007------ (continua) ----------

segunda-feira, 9 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 5)

Ao colocar essa hipótese a Cristina, ela declinou logo porque não queria meter-se em confusões e então ficou só com as informações de Sandra sobre o que iria acontecer nessa noite e sempre com a ligeira impressão que ela se estava a exceder só para subir na vida. Cristina deu-lhe conselhos para desistir mas foi em vão, Sandra estava peremptória em continuar com essa novela.
Para impressionar Sandra encomendou o jantar num bom restaurante e com a ideia de dizer a Carlos que foi ela que o cozinhou. A ementa era um excelente bacalhau assado. Antes de sair de casa, preparou tudo para que parecesse que foi cozinhado em casa. Colocou um bom vinho branco no frigorifico e mantinha também de reserva um bom maduro tinto, caso fosse esse o gosto do seu companheiro. A sobremesa seria tarte gelada de bolacha.
Estava a chegar a hora marcada e antes de sair tinha de estar irresistível, preparando uma noite em cheio. Tomou um bom banho com sais, deixando-lhe a pele cheirosa e relaxada. Penteou os seus longos cabelos castanhos, esticando-os com o secador, dando-lhe um brilho extra. Maquilhou-se com primazia, realçando os seus olhos verdes e os seus lábios bem delineados com batom encarnado. Como o jantar era em sua casa, achou que não devia vestir uma roupa muito sofisticada mas ao mesmo tempo devia estar linda para o seduzir. Então optou por uma calça preta e uma blusa vermelha bem justa ao corpo e com um decote insinuante. O sapato, para combinar, era da cor da blusa.
À hora marcada, o toque foi dado para o telemóvel de Carlos. Ele saiu do seu escritório logo de seguida e Sandra surpreendeu-se, pois também ele estava arrasador. Os seus olhares cruzaram-se e ambos sorriram com satisfação e um certo desejo. Cumprimentaram-se e não deixaram de se elogiar mutuamente, partindo rumo à casa de Sandra.

------trecho escrito por Paula Costa em 09.07.2007------ (continua) ----------

domingo, 8 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 4)

Entretanto em casa Sandra telefona para a sua amiga Cristina.
- Olá Cris, o bonitão já colocou os seus belos pezinhos na minha casinha – e deu uma valente gargalhada.
- Tu não existes, és mesmo maluca! ….tem mas é cuidado que ainda te metes em trabalhos, se ele desconfia ainda te move algum processo.
- Não desconfia nada, não pode desconfiar do que não vê, quando o tiver no papo, já não vai haver mais gemidos nem telefonemas, mas depois também não será preciso, com o meu poder de conquista ele não me resistirá. Vai pensar que era obra dum tarado qualquer e que desistiu….no final nem me vai cobrar nada, mas se quiser eu pago-lhe …. com o suor do meu corpo – e ria-se a seu belo prazer.
- Bem amiga, espero mesmo que não faças asneiras, para que te falei eu que esse advogado era uma brasa. Até amanhã e depois conta-me as novidades…beijos querida.
- Beijos Cris, até amanhã, e bico calado!
Desligou e espreitou pela janela a ver se o via pela rua ainda na sua missão de detective contratado, mas como não avistou nada decidiu acender as luzes da casa e preparar-se para se deitar toda bem disposta por tudo estar a correr tão bem como tinha planeado.
Desde que viu aquele homem, decidiu que um dia seria seu, pois era feito à sua medida – alto, moreno, vestia com primor, bem-falante, profissão a condizer e capaz de lhe proporcionar uma vida estável.
No dia seguinte quando chegou ao seu trabalho, mal se sentou na secretária do seu gabinete a primeira coisa que fez foi ligar para Carlos.
- Bom dia Doutor, fala a Sandra.
- Ora então muito bom dia, já sei que é a Sandra, a sua voz é inconfundível – disse sorrindo – Então conte-me novidades.
- Pois é, não tive nenhuma chamada, parece que é alguém que me vê mesmo chegar de carro ou então que vê luzes quando chego e que me faz isto, mas eu não posso andar sempre às escuras e a deixar o carro em zonas ainda mais longe para que não seja vista. Isto tem de ser resolvido – disse mantendo um ar preocupado e convincente.
- Parece que temos de fazer outros planos, talvez deva entrar juntamente consigo em casa, ir no seu carro para que sejamos vistos e ver se mesmo assim têm coragem de telefonar.
- Parece-me bem, eu quero resolver isto o mais depressa possível antes que entre em depressão, não estou com disposição de meter policia na área … quando é que o Doutor tem disponibilidade? Por mim é quando quiser.
- Sandra, pode ser hoje? – disse ansioso.
- Claro que sim, só não quero alterar-lhe a sua vida privada.
- Não altera nada, será um prazer tratar-lhe deste assunto e ao mesmo tempo ter uma excelente companhia como é a sua.
- Então convido-o para jantar em minha casa em troca do requintado jantar que o Dr. me ofereceu. Aceita?
- Aceito só com uma condição.
- Oh, diga qual, se estiver ao meu alcance.
- Vamos tratar deste assunto como se fossemos amigos e portanto seria de bom-tom que deixasse-mos as formalidades de lado, que tal tratar-me só por Carlos?
- Óptimo, eu já estava a ficar aflita … então eu vou buscar o Carlos a que horas, para que sejamos vistos no meu carro?
- A partir das 19h mais ou menos estarei livre, pode vir buscar-me aqui ao meu escritório daí em diante.
- Então eu prepararei tudo em minha casa para o jantar e quando aí chegar dou-lhe um toque para o seu telemóvel para o avisar que estarei na rua à sua espera, está bem assim?
- Certíssimo, fico à sua espera. Até logo Sandra.
Desligou e Sandra tratou de fazer o seu serviço para que chegasse ao fim do dia pronta para sair a horas. Era secretária de uma empresa ligada à construção civil e lidava com inúmeros engenheiros, que lhe passavam todo o serviço administrativo.
Ultimamente andava sem paciência para aquele serviço e decidida a fazer mudanças, porque até desses engenheiros nenhum lhe interessava minimamente, eram todos direccionados para o trabalho e pouco amigáveis extra-trabalho. Essa não era a vida que queria para si e então há que tratar do seu futuro.
Para isso teve que investir melhor no seu guarda-roupa, tinha que impressionar. Também teria de ser sempre simpática e conseguir cativar as suas presas. Então nada melhor que um advogado de renome e com boa pinta.
Para conseguir suportar todas estas despesas, do seu melhoramento de visual, teve de se sujeitar a um trabalho extra que era feito à noite numa boite. Dançava para os clientes e fazia streptease, duas a três vezes por semana, por isso, nessas alturas, chegava a casa depois das 2h da manhã.
Chegou as 18h e Sandra saiu apressadamente dando a desculpa que nesse dia tinha uma consulta médica e não poderia sair mais tarde, como acontecia quase sempre, dado que o trabalho era imenso.
Voou para casa para preparar o jantar, arranjar-se irresistivelmente e depois poder ir buscar Carlos.
Pensou que tinha antes que ligar à sua amiga Cristina e pô-la ao corrente dos acontecimentos. Será que lhe devia pedir para fazer uma ligação lá para casa na hora que Carlos já lá estivesse e simular uns gemidos? Ou devia deixar correr a situação como se eventualmente fossem vistos pelo suspeito e ficasse intimidado e não ligava?

------trecho escrito por Paula Costa ------ (continua) ----------

sábado, 7 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 3)

E assim foi. Sandra, conduzindo o seu Skoda Octávia arrancou, não sem antes se ter certificado que Carlos também não tinha tido nenhum problema no seu Alpha GT. A viagem não demorou muito, devido ao pouco transito àquela hora e também porque os carros respondiam ambos à pressão exercida nos aceleradores. Só que, já muito perto da casa de Sandra, Carlos notou um abrandamento súbito no carro da sua cliente, ao mesmo tempo que o viu perder um pouco a estabilidade. A seguir, viu o Skoda parar na berma da estrada. Carlos parou também e saiu para saber o que tinha acontecido. Não foi necessário perguntar nada, notou logo que o pneu traseiro do lado esquerdo estava em baixo. Dirigiu-se à janela do carro de Sandra e disse-lhe:
- Nada de importante. Apenas um furo.
- Senti o carro derrapar um pouco e notei logo que deveria ser um furo – respondeu Sandra.
- Agora temos duas soluções, ou substituímos o pneu ou vamos no meu e amanhã pede à assistência em viagem que venham substituir o pneu.
- Não sei por qual devo optar, como deve calcular o carro é o meu instrumento de trabalho e amanhã de manhã ele faz-me falta.
- Nada que um táxi não resolva – disse Carlos.
- Também é verdade – respondeu Sandra.
- Vamos no meu?
- Sim, parece ser a melhor solução.

Sandra saiu do seu carro não se esquecendo da sua pasta, trancou-o e foram ambos no Alpha de Carlos.
O furo tinha acontecido não muito longe da casa de Sandra, por isso, alguns minutos depois, ela deu a indicação onde poderia estacionar. Sandra saiu primeiro, dizendo ao advogado qual a porta de sua casa, o andar e o lado. Ele sairia passados alguns minutos, tocava à porta e ela abriria para ele subir. Tinham entretanto combinado que ela não acenderia qualquer luz que fosse visível da rua.
Enquanto esperava que Sandra subisse, Carlos fez um rápido exame ao complexo habitacional: Um bloco com 5 ou 6 portas de entrada, edifícios de 3 andares, rua bem iluminada e àquela hora nenhuma luz vinda de qualquer janela. Quando calculou que Sandra já tivera tempo de entrar em casa, saiu do carro e encaminhou-se para a porta do edifício da sua cliente. Tocou à campainha, a porta abriu-se e ele subiu.
Sandra esperava-o à porta: apenas a luz do hall acesa, o que não permitiu que Carlos desse um rápido olhar pela casa. Ela convidou-o a entrar.
- Não acenda qualquer lâmpada – pediu Carlos.
- E se eu fechar os estores?
- Prefiro que fiquemos apenas com essa luz do hall que não se vê lá fora.
- Tudo bem, acho que consegue ver o suficiente até chegar ao sofá?
- Sim, vejo, agora é só esperar que o telefone toque.
- Entretanto podemos beber qualquer coisa, para mim um pouco de vinho branco que tenho no frigorífico. E para si?
- Também pode ser, faço-lhe companhia Sandra.
Ela foi buscar os copos e a garrafa e sentou-se no sofá em frente. A pouca luz não permitia ver quase nada, mas Carlos adivinhou que Sandra cruzara as pernas e que saboreava com invulgar prazer o vinho branco quase gelado que ambos tragavam com indesmentível prazer. Esperaram uns 10 minutos e o telefone não tocou.
- Primeira conclusão a tirar, quem lhe liga vê quando chega o seu carro. Hoje não viu o carro, por isso ainda não ligou!
- Outra conclusão, também não viu luz e por isso imagina que ainda não estou em casa – disse Sandra.
- Também é verdade. Nesse caso, a Sandra não vai acender nenhuma lâmpada, vai-se deitar só com esta luz de entrada e amanhã me dirá se o telefone tocou ou não. De acordo?
- Sim, de acordo. Mesmo quando for tomar banho, não acenderei qualquer luz.
- Amanhã, quando chegar ao seu local de trabalho, telefone-me a dizer o que aconteceu ou não aconteceu. E não se esqueça de pedir para irem substituir o pneu do seu carro.
A despedida foi apenas um beijo na face. Mas Carlos não deixou de notar o perfume de Sandra, qualquer coisa de agradável e bastante sugestivo.
E foi com alguns pensamentos muito “nocturnos”, que Carlos conduziu o seu Alpha até sua casa.

------trecho escrito por Orlando ------ (continua) ----------

sexta-feira, 6 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 2)

Rapidamente chegou a hora do encontro e tanto Sandra como o Dr. Carlos Costa apareceram no restaurante quase em simultâneo. Quando se avistaram, saíram ambos dos seus carros e foram ao encontro um do outro.
Os seus olhares cruzaram-se e notou-se uma reciprocidade entre eles, pois um sorriso, como que de admiração, surgiu das suas bocas, dado ambos se terem esmerado em se apresentar bem para este jantar.
Sandra trazia vestido um tailleur preto bem justo ao corpo, a saia bem travada e acima do joelho, com uma pequena racha. Acompanhava com uma camisa branca, bem decotada que lhe realçava o peito. O sapato de salto alto dava-lhe uma elegância tremenda e a tornava numa mulher de sonho aos olhares de qualquer homem.
Carlos também não lhe ficava atrás, com um fato azul-escuro de bom corte, gravata a condizer e camisa azul clara, fazia um par perfeito junto dela.
- Boa noite Dr., vamos então? – disse Sandra esboçando um sorriso.
- Muito boa noite, vamos lá então. – e abriu a porta do restaurante dando prioridade à entrada dela, cortesmente.
O restaurante que Carlos tinha escolhido e solicitado a Sandra era muito distinto e conhecido na zona e onde grandes individualidades se deslocavam para seu belo proveito.
Dirigiram-se ao empregado para que lhes fossem destinada uma mesa e dado haver algumas disponíveis, preferiram escolher uma mais reservada para que fosse possível ter uma conversa mais privada.
Depois de observarem o menu preferiram pedir ao empregado que lhes sugerissem o que havia de melhor naquela altura, ao que lhes foi indicado um delicioso arroz de marisco. O vinho para acompanhar seria também do melhor.
Deliciaram-se com o requinte daquele jantar, conversando sobre o assunto que lhes trazia ali e combinaram amiúde o que fazer naquela noite quando se dirigissem para casa dela.
- Então – disse Carlos – acho melhor acompanhar a Sandra até sua casa e subir consigo, senão penso que a história se repetirá, porque se há alguém a espiá-la quando entra, se vê que entra sozinha vai ligar-lhe de novo com os tais gemidos.
- Não tem problema Dr., eu quero é resolver este martírio, já nem consigo dormir direito a pensar neste problema.
- Fica combinado, subimos, esperamos e vemos o que acontece. Porque se entrarmos e não houver ligações é porque alguém está mesmo à espreita quando entra e se nos viu entrar vai ficar intimidado(a).
Seguidamente passaram à sobremesa e foi-lhes sugestionado o doce da casa, que era um dos atractivos do restaurante. Confeccionado com leite condensado e bolacha demolhada em café, faziam contrastar o doce e amargo, servido bem gelado.
- Muito bom, este restaurante é uma delicia, não conhecia, ainda bem que o indicou – disse Sandra.
- É mesmo, venho aqui inúmeras vezes em almoços ou jantares de trabalho, nunca fiquei decepcionado, temos sempre a sugestão do chefe e somos servidos com muita classe.
- Bem, só falta o café, pelos menos para mim, não sei se o Dr. também toma?
- Claro que sim e acompanho com um Logan, não sei se também quer algum digestivo?
- Obrigada, mas para mim é só mesmo o café, já me basta fazer excessos noutras ocasiões.
Terminado o jantar Sandra preparava-se para pagar, como tinha dito anteriormente e que seria com essa condição, mas Carlos disse-lhe para guardar o dinheiro porque tinha conta aberta nesse restaurante, que era sempre frequentado por ele para negócios.
- Oh Dr., assim não vale, eu tinha-me comprometido e afinal sou eu a interessada e que o contratei para que tratasse do meu caso.
- Não se incomode, tudo isto faz parte do negócio – disse dando uma gargalhada.
Saíram do restaurante e prepararam-se para pôr em prática os seus planos. Ele deveria segui-la até casa dela no seu carro, dado não saber onde ficava e depois de estacionarem no local em que Sandra costumava ficar, seguiriam a pé descontraidamente até casa dela.

------trecho escrito por Paula Costa ------ (continua) ---------

quinta-feira, 5 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 1)

Quando Sandra entrou no gabinete, tive logo a vaga sensação de que aquela cara não me era estranha, mas não disse nada. Depois do habitual cumprimento, dezenas de vezes ouvido durante todos os dias, convidei-a a sentar-se. Com um sorriso perfeitamente natural, aceitou o convite escolhendo a cadeira que estava mais à sua direita, a quarenta e cinco graus do meu raio de acção se estivesse a olhar para a porta. Cruzou as pernas, agora sim de uma forma estudada, deixando que a saia que vestia deixasse a descoberto um bom palmo da perna que se adivinhava tão bem tratada como cuidada. Tudo condizia, o seu rosto, o cabelo, … na minha frente estava uma mulher na casa dos trinta, bonita, atraente, que sabia muito bem o que queria e como o conseguir. Sorriu e contou ao que vinha.
- Dr. Carlos, talvez o meu caso não seja igual a qualquer um que já tenha defendido. Foi uma amiga quem mo indicou e espero que me ajude a resolver o problema.
- Sabe que os casos, mesmo parecendo iguais, têm sempre alguma coisa que os torna diferentes; os contornos nunca são iguais, o que à partida os torna diferentes.
- Sim, mas neste caso, talvez que até os contornos sejam diferentes, acho até que só a finalidade venha a ter alguma coisa de comum com aqueles a que foi chamado a resolver.
- Só depois de ouvir poderei ter opinião – disse-lhe.
- Então, não percamos mais tempo – disse Sandra.
E contou-me a causa da sua visita: vivia num bloco de apartamentos não muito longe do centro da cidade, mas suficientemente afastado do movimento habitual das grandes cidades. O exercício da sua profissão, obrigava-a a chegar a casa a horas pouco normais e, muito embora nunca tendo sido perseguida ou incomodada quando regressava a casa, a verdade é que sentia sempre um certo receio quando se aproximava da porta de entrada do bloco onde residia. Os poucos lugares de estacionamento raramente lhe permitiam deixar o carro à porta de casa, receando sempre caminhar a centena de metros que era obrigada a percorrer, quando saia do carro a caminho do bloco de habitações onde residia, não obstante as horas tardias a que normalmente cumpria esse ritual. Na verdade não era isso que a incomodava, o seu problema nascia quando chegava a casa e pouco depois de fechar a porta atrás de si, o telefone tocava e do outro lado só ouvia sons indecifráveis, imperceptíveis, como se o autor da ligação estivesse a gemer, um gemer um tanto ou quanto diferente, porque não era um gemer de dor, antes um gemer incómodo, como que ameaçador. Não ouvia uma única palavra, apenas esse gemer estranho. Ao princípio não ligou muita importância, mas com a repetição contínua sempre que chegava a casa, começou a ter medo.
- E isso só acontece quando chega a casa? – quis saber.
- Segundos depois de fechar a porta – disse Sandra.
- Sinal de que quem estabelece essas ligações a vê entrar. Tem gravador de chamadas?
- Sim tenho e quando vou ouvir as mensagens do dia, nunca tenho uma que seja com essas características.
- Temos portanto a certeza de que quem faz essas ligações a vê chegar a casa. Outra pergunta - o bloco onde reside é isolado ou há mais?
- Há mais, quase colados – disse-me ela.
- E enquanto caminha a pé costuma ver luzes acesas?
- Sim, algumas estão acesas mas isso não quer dizer que esse meu vizinho - parece ser efectivamente um vizinho - esteja com a luz acesa,. antes pelo contrário, deve estar às escuras, não apenas para ver melhor mas também para não despertar atenções.
- E há quanto tempo isso acontece?
- Há um mês, aproximadamente.
- E para além desses telefonemas, não percebeu outro qualquer sinal? Por exemplo, uma carta na caixa do correio, um carro atrás de si quando sai de casa, um contacto no seu local de trabalho?
- Não, durante o dia, tudo corre normalmente.
- Vai desculpar-me a pergunta, mas é inevitável que lha faça - marido, ex-marido, ex-namorado, como está a sua vida sentimental?
- Olhe Doutor, há quase um ano que cortei com esses complementos, se é que entende o que quero dizer. Estou divorciada há alguns anos, já tive um ou outro namorado, mas de momento não tenho ninguém, nem estou a ver qualquer um desses ex a espiar-me só para saber quando chego a casa e fazer então esses telefonemas que me estão a pôr maluca, é o termo.
- E quer então que eu descubra o autor e o processe.
- Nem mais nem menos, a insistência e a regularidade desses telefonemas estão a dar cabo do meu sistema nervoso. Pior, começam a perturbar negativamente o meu rendimento no local de trabalho.
- Vamos então combinar o seguinte, hoje, vai fazer como habitualmente e se o telefone tocar, quando chegar a casa, atende e não diz nada. Deixa o auscultador fora do descanso, vai fazer o que costuma fazer quando chega a casa e passados uns minutos vai ouvir se a ligação ainda está estabelecida ou se ele ou ela desligou. Amanhã telefona-me a dizer o resultado. Aqui tem o meu cartão, onde está também o meu particular. Pode ligar a qualquer hora, pois vivo sozinho.
Ela aceitou a sugestão, levantou-se, compôs a saia e preparou-se para sair. Antes de atravessar a porta, consegui descobrir, vendo-a por trás, que se tratava de uma mulher na plena acepção da palavra e suficientemente atraente para provocar a qualquer homem uma tentativa de aproximação.
No dia seguinte esperei pelo seu telefonema, que chegou cerca das duas da tarde, logo que, no meu entender, terá chegado ao seu local de trabalho.
- Então, que aconteceu? – perguntei-lhe.
- A mesma coisa.
- Chegou a casa a que horas?
- Deviam ser duas da manhã.
- Fez o que lhe pedi no que diz respeito ao auscultador?
- Sim, exactamente.
- E então?
- Não desligou.
- A que horas sai hoje?
- Hoje vou sair um pouco mais cedo, por volta das 8h da noite.
- E tem planos?
- Não, vou jantar e sigo para casa.
- Posso convidá-la para jantar?
- Porquê?
- Porque quero tirar mais umas conclusões e depois de jantar vou consigo até sua casa, deixo-a à porta para sabermos se ele ou ela, vendo-a acompanhada, também telefona.
- Mas se ela – a pessoa, entenda-se – o vir depois ir embora, fica a saber que subo sozinha.
- Bem observado! Resolveremos isso na hora. Aceita o jantar?
- Só se for eu a pagar – disse Sandra.
- Resolveremos isso na hora.
Combinámos a hora do encontro, o restaurante onde iríamos, tendo ficado com a certeza de que, ao contrário do que era habitual com as senhoras, ela não iria chegar muito atrasada.

------trecho escrito por Orlando ------ (continua)