quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 12


Nessa noite Laura mal conseguiu dormir,
Gonçalo não saía do seu pensamento,
Um amor assim ninguém podia destruir,
Teria de acabar logo com este sofrimento.

Cedo ligou à senhora que a ajudou,
Quis saber de alguma novidade,
Depressa muito bem disposta ficou,
Sabendo que acabou aquela fatalidade.

Pediu novamente para o visitar,
Queria muito vê-lo acordado,
Só depois é que poderia avaliar,
O que na verdade se tinha passado.

Teve novamente consentimento,
Mas não podia deixar ser sempre,
Compreendeu sua dor e sofrimento,
Permitindo-a de ir ver o doente.

Quando Gonçalo a viu na sua frente,
Seus olhos brilharam de emoção,
Um abraço entre eles era urgente,
Comovidos depois de toda a aflição.

Laura ficou ao corrente do incidente,
Sentindo-se meia culpada do sucedido,
E do futuro ficou ainda mais temente,
Com receio que Joana mate o marido.

Avisou que ao hospital não podia voltar,
Porque as visitas não lhe eram concedidas,
Se o seu estado não se viesse a agravar,
Logo seriam curadas todas as feridas.

Paula Costa - 27.11.2008...(continua....)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 11


Voltou ao hospital depois das sete,
Passou por enfermeira de bata branca,
Tinha a indicação do quarto num bilhete,
Mas sentia-se como uma saltimbanca.

Conseguiu finalmente ver o seu amor,
Chorou imenso ao vê-lo inanimado,
Estava muito pálido e quase sem cor,
Queria tanto que estivesse acordado.

Pegou na sua mão para lhe dar calor,
Impressionava-a estar todo entubado,
Falava-lhe ao ouvido palavras de amor,
E custava-lhe deixá-lo ali abandonado.

Permaneceu junto dele até poder,
Não se cansava de o acariciar,
Mas o tempo passava a correr,
Teria de ir embora sem ele acordar.

De repente sentiu-o mexer a mão,
Quando na sua houve uma pressão,
Era um sinal de que ouviu sua oração,
E a deixou com esperança no coração.

Foi logo avisar o médico de serviço,
Que satisfeito verificou as melhoras,
Disse-lhe que ela quebrou o feitiço,
Agora era esperar as próximas horas.

Não podia permanecer mais tempo,
Beijou-o apaixonada e foi embora,
Esperançosa por este acontecimento,
E animada por esta grande melhora.

Paula Costa - 24.11.2008...(continua....)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 10


Dirigiu-se ao hospital da sua zona,
Porque era o único que por lá havia,
Com ar sofredor e meia chorona,
Deu o nome dele para ver se existia.

Informaram-na que estava lá internado,
E que o seu estado era muito complicado,
Em coma profundo era o seu estado,
E ao acordar poderia ficar incapacitado.

Quis saber se o poderia visitar,
Mas as visitas eram só para a família,
A uma funcionária tentou implorar,
Uma escapadela rápida nesse dia.

A senhora viu o seu ar preocupado,
Disse-lhe para voltar depois das visitas,
Que a fazia passar por outro lado,
Como enfermeira que leva as marmitas.

Laura agradeceu imenso a simpatia,
E comoveu-se com tanta gratidão,
Quis retribuir com uma certa quantia,
Mas foi-lhe logo negada essa doação.

Foi embora era quase hora de almoço,
Sua cabeça estava a mil e meia confusa,
Esperava que não houvesse alvoroço,
E não viesse a ser tida como intrusa.

Paula Costa - 20.11.2008...(continua....)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 9


Joana ficou em pânico e muito aflita,
Seu filho entrou no quarto assustado,
Viu o pai esvair-se em sangue e grita,
-Acudam que meu pai está desmaiado.

Ligaram ao 115 e foi para o hospital,
Diagnosticando-lhe uma grave fractura,
Gonçalo encontrava-se mesmo mal,
Um coma profundo era realidade pura.

Joana teve de prestar declarações,
E justificou-se com auto-defesa,
Mostrou o pescoço com escoriações,
O marido a queria matar de certeza.

Ficou ilibada de qualquer culpa,
Mas martirizava-se do mal do marido,
Chorava e dizia que não tinha desculpa,
Não devia tê-lo agredido e ferido.

Passava os dias no hospital com o filho,
À espera que acordasse ou dum sinal,
Sua vida deixou de ter qualquer brilho,
E nunca mais sua relação seria igual.

Laura não sabia de nada deste drama,
Nem uma única notícia de seu amado,
Estranhava a ausência de quem ama,
Encontrava sempre o telemóvel desligado.

Decidiu rondar sua casa a ver se o via,
Mas só conseguiu avistar a família,
Mais preocupada ficou ao fim do dia,
Porque não entrou nesse tempo de vigília.

Sabia onde trabalhava, era Guarda-Fiscal,
No dia seguinte foi pedir uma informação,
Foi quando soube que estava no hospital,
Deixando-lhe um grande aperto no coração.

Paula Costa - 18.11.2008...(continua....)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 8


Finalmente chegou o dia decisivo,
Gonçalo chamou Joana para conversar,
Falou calmamente e sem ser agressivo,
Para não a assustar e nem enervar.

Estranhou o marido mas já calculava,
Sabia que um dia o poderia perder,
Para Gonçalo, era uma simples escrava,
E como mulher só o fazia aborrecer.

Começou por falar da monotonia,
Já não mantinham uma relação feliz,
Não havia entusiasmo, nem euforia,
Continuar juntos, seriam uns imbecis.

Não era o fim do mundo por terminar,
Eram ainda jovens para refazer a vida,
O primeiro impacto iria magoar,
Mas o tempo curaria essa ferida.

Joana ouviu-o mantendo-se calada,
Sabia que ia acontecer mas não acreditava,
Com esta realidade sentiu uma alfinetada,
E subitamente ficou bastante brava.

Começaram a agredir-se verbalmente,
Já não era uma conversa amena,
Insultavam-se indecentemente,
Pareciam dois touros numa arena.

Joana começou a ter medo de Gonçalo,
Mas disse que não haveria separação!
Encrespou-se para ela como um galo,
Suas mãos ao pescoço, foi a reacção!

Ela esbracejou tentando se soltar,
À cómoda do quarto ficou encostada,
De costas tentou com as mãos achar,
Algo duro para lhe dar uma paulada.

Uma boneca de porcelana foi a arma,
Bateu-lhe com força, violentamente,
Gonçalo caiu inanimado sobre a cama,
Com a cabeça a sangrar do incidente.

Paula Costa - 12.11.2008...(continua....)

domingo, 9 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 7


Laura sabia de tudo o que se passava,
Falava muitas vezes com seu amado,
Também ela com esta situação andava,
Com um nervoso miudinho instalado.

Tinha receio da reacção de Joana,
Que pudesse colocar algum entrave,
Punha-se no lugar dela, era humana,
E previa sempre tudo muito grave.

Passava as noites meia acordada,
O pensamento cheio de remorsos,
Sentia culpa e a consciência pesada,
Seria compensador tantos esforços?

Por vezes pensava retroceder,
Um casamento podia terminar,
Mas amava tanto aquele ser,
Que ficar sem ele não ia aguentar.

Decidiu esperar sem interferir,
Para que não sentisse tanta culpa,
O destino se encarregaria de agir,
Para no futuro não pagar multa.

Paula Costa - 09.11.2008...(continua....)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 6


Gonçalo começou a andar nervoso,
Não sabia como enfrentar sua mulher,
Toda esta situação o deixava ansioso,
Teria de ser forte e conseguir resolver.

O seu filho Tiago começou por alertar,
Que seus pais andavam insatisfeitos,
Se não se davam o melhor era separar,
Do que andar toda a vida a pôr defeitos.

Mas acontecendo nunca será esquecido,
Porque foi sempre desejado e adorado,
Para seu pai será sempre muito querido,
Mesmo longe irá ser sempre bem amado.

Nunca lhe deixará faltar necessidades,
Qualquer coisa vai ser um pai presente,
Sempre dentro das suas possibilidades,
Só falhará se sofrer algum acidente.

Tiago com 13 anos já compreendia,
Embora com uma certa tristeza,
Queria ter mais a sua companhia,
Mas era melhor, disso tinha a certeza.

Já tinha desconfiado imensas vezes,
As discussões já eram em todo o lado,
E se arrastavam há alguns meses,
Que o deixavam deveras incomodado.

Pediu ao filho para sua mãe ajudar,
Iria ser uma batalha bastante difícil,
Um casamento de 15 anos iria terminar,
Quando desse a notícia seria um míssil.

Sua mãe não deveria aceitar inicialmente,
Tentaria demove-lo de todas as maneiras,
Mas uma solução para ambos era urgente,
Não podiam continuar a cometer asneiras.

Decidiu esperar o próximo fim-de-semana,
Conversariam com mais calma e com tempo,
Se corresse para o torto apoiaria Joana,
Neste período inicial seria um tormento.


Paula Costa - 06.11.2008 ... (Continua....)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Conto 4 - "Um Conto Rimado" - Parte 5


Laura por momentos deixou-se envolver,
Mas sua consciência logo a veio alertar,
Há tanta coisa a ponderar antes do prazer,
Seria melhor ir com calma para não errar.

Gonçalo foi muito compreensivo,
Não forçou e encheu-a mais de carinho,
Dado que era seu grande objectivo,
Ambos seguirem pelo mesmo caminho.

Teria de resolver primeiro a sua situação,
Não queria ser apanhado em contra fé,
Conversar amigavelmente e sem agressão,
Para que cada um siga a vida pelo seu pé.

Estiveram juntos até antes do jantar,
Acharam por bem o encontro terminar,
Para que a esposa não viesse a perguntar,
Porque tinha chegado tarde sem avisar.

Ficaram muitas promessas no ar,
E Laura incutiu-lhe muita coragem,
Despediram-se até data a combinar,
Talvez com mais novidades na bagagem.

Paula Costa - 05.11.2008 ... (Continua...)