
Parte 2
Quando Maria chegou ao Algarve foi
acolhida pela sua Tia Júlia, o marido António e os primos João e Catarina com
muita satisfação e tentaram fazer com que ela se sentisse totalmente à vontade
e não ficasse assustada com a sua nova vida.
Dado os tios estarem bastante
afastada da sua localidade, mais de 700 km, pouco contacto tinha com eles e de
inicio custou-lhe imenso habituar-se a um novo viver com outras pessoas, mas
aos poucos tudo se iria compor.
Para se ambientar à nova vida, Maria
não foi logo trabalhar na primeira semana porque sua tia achou por bem
mostrar-lhe inicialmente como se deslocar na sua nova morada, indicar-lhe os
locais que lhe poderiam ser mais úteis e todos os caminhos a percorrer para não
se perder. Assim tirou férias, dado que trabalhava como enfermeira no hospital
de Faro, para a poder acompanhar nestes primeiros dias.
A casa onde Maria iria trabalhar era
de pessoas amigas da família e cujo dono é colega de trabalho do tio António e
frequentavam amiúde as casas uns dos outros. Ficava a cerca de 5km da casa dos
tios e teria de apanhar um transporte para se deslocar até lá, pelo que sua tia
teve de lhe ensinar onde era a paragem e onde sair.
Apresentou-a aos seus novos patrões
como sendo a sua sobrinha, que começaria a trabalhar na semana seguinte e para
que ficassem a conhecer a sua nova empregada.
Maria estava ainda muito
envergonhada e também ficou assustada com a dimensão e riqueza daquela casa. Os
donos eram um casal de meia-idade, na casa dos 55 anos, a D. Amélia e o Sr.
Sampaio e soube que tinham 3 filhos, 2 rapazes e uma rapariga, que estudavam no
estrangeiro e só estavam presentes em altura de férias.
Fizeram-lhe uma visita guiada pela
casa e deram-lhe a conhecer mais ou menos o que esperavam que ela fizesse mas
nas devidas alturas lhe seriam dadas ordens mais elaboradas. Acordaram o seu
vencimento, dias de folga e outros pormenores para que ficasse tudo
esclarecido. Pareciam ser uns patrões bastante acessíveis e com muita simpatia
e deixaram-na menos assustada. Colocaram-na mais à vontade quando lhe disseram
que seria ajudada por outros empregados que a casa tinha. O seu horário de
trabalho seria das 9h da manhã até às 19h.
Depois desta primeira entrevista o
resto da semana foi para passear pelo Algarve, conhecer melhor seus tios e
primos e até deu para fazer uns dias de praia, coisa que Maria nunca tinha
feito, pois no Gerês o que ainda podia fazer era ir até ao rio e pouco mais.
Nunca tinha entrado no mar e foi maravilhosa a primeira vez que o fez,
sentia-se mais feliz depois de desfrutar de toda essa beleza e começou a
sentir-se menos triste, só a lembrança do seu Luís a fazia chorar quando ficava
sozinha no seu quarto. Tentava sempre esconder de todos este relacionamento
porque ninguém sabia e tinha medo da reação de seus pais.
Durante essa semana não teve nenhuma
notícia de Luís porque ela seria a primeira a escrever-lhe e lhe dar a morada
utilizar. Maria enviou a sua primeira carta a dar-lhe notícias de si e pediu
que lhe escrevesse logo mas que no envelope colocasse o nome de Luísa Maria
para disfarçar e ela poder dizer que era duma amiga.
Logo a semana passou e no dia
seguinte seria o seu primeiro dia como empregada doméstica da família Sampaio.