sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Conto 3: "Traição" - Parte 17

No dia seguinte, já no seu consultório, verificou que não tinha nenhum extra para sábado e a meio da manhã confirmou a Gabriela a sua disponibilidade em ir jantar a casa dela.
O dia de trabalho custou a passar e a ansiedade de voltar a vê-la e ao pequeno Tiago fazia ainda mais aquele dia parecer maior. Lá conseguiu abstrair-se com as imensas consultas que tinha pela frente terminando o expediente quando já passava das 19,30h.
À noite quando adormeceu passou por alguns sobressaltos devido a sonhos e pensamentos com o jantar que se aproximava. Quando acordou de manha sentia-se um pouco cansado, sabia com quem tinha sonhado, embora não se lembra-se exactamente do conteúdo do sonho. Deixou-se ficar deitado a pensar na vida e no que a noite lhe reservaria.
Depois do pequeno-almoço ainda fez algumas compras de mercearia para sua casa e ao passar numa loja de moda não resistiu em comprar roupa nova, umas calças e um pólo, com a intenção de vestir à noite. Comprou também um brinquedo para Tiago e decidiu levar um bom vinho para beberem ao jantar.
O resto do dia foi passado normalmente, sempre de olho no relógio que parecia andar muito lentamente.
Com o aproximar da hora, tomou um banho, vestiu-se com as roupas novas e perfumou-se. Sentia-se bem apresentado e estava ansioso por chegar.
Chegou a casa de Gabriela antes das 20h e decidiu tocar à porta. Quem lhe abriu a porta foi Tiago que se atirou para os braços dele, dando-lhe um grande abraço e um beijinho.
- Olá, que bom que já chegaste, estou muito contente – disse com um sorriso de orelha a orelha – entra que a minha mãe está na cozinha e já vem.
- Olá querido, estás tão bonito, já tinha saudades tuas, estás bem? – perguntou Manuel.
- Estou e não tenho ficado doente mas já me apeteceu fingir para te poder ver – e deu uma piscadela ao seu amigo rindo muito.
- És um safado, um dia ainda ficas mesmo doente e a tua mãe não acredita. Trouxe-te uma surpresa, aqui tens! – e deu-lhe o embrulho para as mãos.
Rasgou de imediato o papel e abriu a caixa que continha uma bola de futebol profissional.
- Ena que fixe, depois vais jogar comigo, é o máximo, muito obrigado.
- De nada tu mereces, eu fico na baliza e tu chutas, está bem?
Entretanto apareceu Gabriela deslumbrante para cumprimentar o seu convidado.
- Boa noite Manuel, obrigada por apareceres e sê bem-vindo a minha casa.
- Olá Gabriela, estás muito bonita!
- Tu também estás lindo – disse sorrindo e com simpatia rematou: –tu sempre foste mas agora ainda estás mais.
- Exagerada Gabriela – sentiu-se corar e para disfarçar disse – trouxe um vinho para acompanhar o teu jantar.
- Obrigada, não era preciso trazer nada, mas já que tiveste a gentileza, logicamente que servirei neste jantar, até combina com o prato que fiz hoje. Anda, vamos para a sala! Mas antes, queres que te sirva um aperitivo? Um martini ou outra coisa?
- Pode ser, aceito a ideia, mas também me acompanhas.
- Claro que sim, também já aprendi a gostar destas coisas.
De seguida Gabriela quis mostrar a sua casa a Manuel para fazer tempo a que o jantar termina-se de se fazer.
Tinha 2 quartos, uma sala, 2 WCs, cozinha e um pequeno terraço para Tiago poder brincar. Era pequena mas o suficiente para viver com o seu filho e Manuel elogiou a decoração e a boa organização da casa, tudo muito bem arrumado.
- Foi o que se arranjou depois da minha separação, mas acho que é suficiente – disse Gabriela.
- É muito bonita a tua casa, a sério. Na próxima mostro-vos a minha, fica já prometido – e virando-se para Tiago – o teu quarto é muito janota, tantos brinquedos, que sorte hein?
- Pois é, vou mostrar-te os brinquedos todos e vamos brincar depois, está bem?
Gabriela cortou aquele entusiasmo e disse:
- Bem, agora vamos jantar e depois brincas filho, o Manuel já deve estar com fome e tu também.
E dirigiram-se de novo para a sala de jantar. Gabriela indicou os lugares de cada um e foi à cozinha buscar a comida. Um cheirinho agradável já se tinha feito notar.
- Fiz um bacalhau assado porque sei que gostas muito, não me esqueci.
- Adoro e cheira muito bem. Está com uma apresentação suprema.
Jantaram animadamente e correu tudo muito bem e depois como prometido Manuel ainda brincou bastante tempo com Tiago, até que a mãe disse que estava na hora de ir dormir, já se notava o cansaço no miúdo e começava a ficar irritante. Embora não quisesse, acatou as ordens da mãe e adormeceu, ficando depois os dois sozinhos.
Estavam felizes e a conversar no sofá, lado a lado, e ao mesmo tempo deitavam o olho à televisão mas sem prestar muita atenção. Preferiam falar deles próprios. Gabriela depois de se sentir mais à vontade disse:
- Temos de repetir mais vezes, agora não vais desaparecer pois não? – e colocou a sua mão por cima da dele.
- Não vou desaparecer não senhor e nem quero, estou tão feliz Gabriela! – e agarrou-lhe na mão, olhou-a intensamente e aproximou-se do rosto dela.
Foi inevitável, suas bocas colaram-se num beijo apaixonado, ansiado por ambos há já muito tempo.

---Trecho escrito por Paula Costa --- 22.08.2008 ----- (continua)

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