
Meia chorosa por ter de abandonar muitas das coisas que conquistou, Madalena lá se foi conformando durante o dia que não tinha outra hipótese e também sabia que não iria ficar pobre, mas era-lhe difícil olhar todos aqueles objectos que adquiriu a seu gosto e aquela bela casa que decorou a ficarem para trás. Agora tinha que enfrentar o futuro ao lado do homem que amava.
No final da tarde já estava tudo em casa de Tiago, só teriam aos poucos que colocar tudo nos devidos lugares.
Passaram dois dias, quando ao fim do dia, Madalena recebeu um telefonema da Polícia Judiciária para que se apresenta-se nos serviços no dia seguinte de manhã porque tinham novos dados sobre o seu marido e queriam dar essas informações pessoalmente.
Tiago acompanhou-a pelas 12h para lhe dar força e não a deixar temerosa do que podia acontecer. A Polícia mete sempre muito respeito e deixam as pessoas intimidadas.
Aguardaram até Madalena ser chamada e quando isso aconteceu ele ficou à sua espera até que terminasse. Não tinham a certeza se seria mais um interrogatório, se iria receber notícias do paradeiro do seu marido ou se tinham descoberto mais alguma coisa e a pretendiam só informar.
- Dona Madalena, faça favor de entrar – disse um inspector – pode sentar junto dessa secretária que o meu colega Jorge Martins já fala com a senhora.
Esperou uns minutos até começassem a falar com ela e notou pela cara preocupada do inspector que tinha algo a contar-lhe e não era boa coisa.
- D. Madalena, chamámo-la aqui porque temos uma notícia pouco agradável para lhe dizer e não seria de bom-tom fornecê-la através do telefone.
Madalena ficou logo assustada e quis saber de imediato o que se tinha passado.
- Diga logo Sr. Inspector, não me deixe aflita.
- O seu marido, como sabe, era procurado pelos crimes que cometeu e através de certas pistas conseguimos saber onde ele se encontrava. Quando fizemos uma busca à casa que sabíamos estar, obrigamos a que abrisse a porta. De imediato ouviu-se um tiro e quando conseguimos entrar, lamento informá-la, o seu marido tinha-se suicidado.
Aquela notícia Madalena não esperava, seu marido sempre gostou de viver, mesmo depois daquele grande acidente nunca baixou os braços e lutou sempre para melhorar e manter a vida que sempre levou. Mas agora viu-se sem nada, sem a mulher que amava e esperava-o a prisão, aquilo tudo junto não dava para aguentar e não viu outro jeito senão matar-se.
Madalena baixou a cabeça, não aguentou e começou a chorar compulsivamente. Era seu marido, gostava dele, sempre foi seu amigo. Embora não o amasse deu-lhe uma vida digna e pode-se dizer que feliz na medida do possível.
Tentaram acalmá-la e colocaram-na a par de todos os acontecimentos e falcatruas que ainda não sabia e depois deixaram-na sair, colocando-a sobre aviso para futuros depoimentos.
Quando saiu da sala vinha com os olhos vermelhos e Tiago ficou muito preocupado querendo saber o que tinha acontecido ficando logo de seguida a par de tudo. Madalena era uma mulher viúva.
Foram almoçar fora para se abstraírem dos acontecimentos e regressaram a casa. Madalena tomou um calmante e foi dormir um pouco enquanto Tiago deu uma fugida ao escritório para resolver uns assuntos pendentes e voltou de seguida para não a deixar sozinha neste período menos bom.
Dali para a frente as coisas começaram a entrar nos eixos e todos aqueles acontecimentos caíram no esquecimento, fazendo com que Madalena e Tiago tivessem uma vida repleta de alegrias. Passados uns 5 meses casaram e já aguardavam o seu primeiro descendente. Era um casal feliz.
Um dia mais tarde Tiago seguia pela auto-estrada fora intrometido nos seus pensamentos, quando vê uma cena parecida com uma que já lhe tinha acontecido. Mais uma bela senhora na berma da estrada com o seu carro avariado à espera de ajuda.
- Paro? Não paro? – disse para consigo – é melhor deixar esta princesa para outro príncipe encantado. A minha princesa eu já encontrei!
A próxima história fica para outro felizardo, não sou egoísta! – e seguiu o seu caminho.
Trecho escrito por Paula Costa em 28.11.2007
Fim