terça-feira, 13 de novembro de 2007

2º Conto - "Encontro Ocasional" - (Parte 19)

Quando Madalena chegou a casa, e para surpresa sua, seu marido já se encontrava à sua espera. Ficou meia atrapalhada para explicar a sua ausência de casa e passou-lhe logo pela cabeça que era a hora acertada de fazer aquilo que tinha pensado – pedir o divórcio.
- Sérgio, já em casa? Não tinhas um jantar de negócios?
- Ficou sem efeito e a menina por onde anda a estas horas da noite e sem mim? – Perguntou-lhe em tom irónico.
- Já que perguntas, queria mesmo ter uma conversa séria contigo, há muito que já a ando a adiar e chegou a hora, vamos para o escritório falar Sérgio? – meio surpreendido acedeu e dirigiram-se de seguida para lá.
- Então o que é que se passa querida?
- Não sei como começar, mas não estou satisfeita com a minha vida, tenho tudo o que é bom de material, não me falta nada, mas falta tudo o resto, não estou feliz Sérgio e quero mudar a minha vida.
- Que queres dizer com isso?
- Desculpa-me, tentei evitar mas não consigo, queria pedir-te o divórcio!
- Já estava à espera disso, aquela cabra bem que me avisou. – disse bruscamente e cheio de raiva – andaste a trair-me na minha ausência!
- Calma Sérgio, falemos com serenidade, gostava que esta conversa fosse o mais amigável possível, são coisas que acontecem, não te queria magoar mas estou a ser o mais sincera possível, espero que me perdoes e continues a ser meu amigo, foste e serás sempre muito importante para mim. Ensinaste-me muita coisa e deste-me uma vida digna, mas há carências que nos fazem pensar que afinal não chega, tenta compreender, passas mais tempo fora de casa do que comigo, preciso de companhia, o dinheiro não é tudo. Mas falaste naquela cabra, de quem se trata? Quem te avisou de algo e o que te disseram? – disse já a pensar de quem se tratava.
Sérgio quis fugir ao assunto, dizendo para ela esquecer, tinha metido os pés pelas mãos e não queria tocar no assunto mas Madalena insistiu em saber.
- Espero não ter problemas por causa dessa estúpida, lembras-te duma ex-empregada minha, a Joana?
- Já vi tudo, então essa menina afinal abriu a boca, mas que chantagista hein? De certeza que também te pediu dinheiro!
- Que sabes tu dela? Porque achas que me pediria dinheiro? – disse intrigado.
- Sei que se dizia estar grávida e que me viu a jantar um dia com uma pessoa que ela também conhecia e me reconheceu como tua esposa. Se a conhecias, já estás a ver o filme, começou a chantagear a pessoa que me acompanhava, dizendo que o filho que esperava era dele.
- Espera aí, então o filho que ela esperava podia não ser meu?! – disse repentinamente sem pensar direito no que tinha dito, dado que não queria que Madalena soubesse do seu envolvimento com Joana – Ela veio cá a casa um dia dizer-me que pai do filho que esperava era eu, e como tu sabes, fiz um tratamento depois daquele acidente estúpido que me tinha deixado impotente, fiquei na duvida se seria verdade. Além de lhe dizer que não podia ter filhos ela afirmou a pés juntos que eu era o pai e depois de tão furiosa que ficou quando eu lhe disse que nunca deixaria a minha mulher por ela e por um filho, contou-me o que tu andavas a fazer e que me traías com um amante. Fiquei doente e fora de mim.
- Que fizeste então? – perguntou Madalena já desconfiada do pior.
- Esquece, não fiz nada! Este assunto morre aqui e como também deves já saber, Joana foi assassinada, nesse dia almoçamos juntos e fiquei contigo até às 17h, verdade?
- Sim foi, mas….
- Mas nada, cala-te e não faças perguntas. É o divórcio que queres, é isso que vais ter! Vou para o quarto de hóspedes, amanhã voltamos a falar, boa noite! – e saiu porta fora transtornado, sem dizer mais nada.
Madalena foi para o seu quarto. Ligou de seguida a Tiago e colocou-o ao corrente de tudo o que se tinha passado.

------Trecho escrito por Paula Costa em 13.11.2007 --------(continua)----------

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