quinta-feira, 10 de abril de 2008

Conto 3: "Traição" - Parte 8

A adaptação ao meio citadino foi bastante complicada para Manuel e mesmo com os colegas de faculdade a convivência inicial era mínima, depois das aulas metia-se em casa a estudar e mal se divertia nos tempos mortos. Sempre habituado ao meio rural, estranhou os costumes e hábitos daqueles que já habitavam na cidade há muito tempo. A maneira de vestir, de falar e até mesmo na alimentação, era tudo diferente. Mas seria uma questão de tempo, teria de se moldar aquele novo ambiente se queria singrar na carreira que escolheu.
Passado aquele período menos bom de adaptação, Manuel começou a integrar-se melhor, acabou por fazer novas amizades entre os colegas de turma, embora fosse com dois deles que se juntava mais, dado também serem de fora da cidade, tanto para estudar como para deambular pela cidade do Porto, quando lhes era oportuno.
Para conhecerem melhor a cidade, visitaram nos seus tempos livres os locais históricos e também os sítios mais “in” onde a juventude parava para se divertir.
Rapidamente começou a desenvolver uma forma diferente de estar, de ser e de vestir. Era tudo novo para ele, na sua aldeia nunca saíra com amigos para apanhar uma carraspana e agora, em tempo de praxe, acabou por apanhar a primeira de caixão à cova que o fez conhecer outros prazeres da vida.
Quando acordou no dia seguinte, estava numa cama que não era a sua e de pouco se lembrava. Nunca se tinha sentido tão zonzo e mal disposto depois de na noite anterior ter bebido uma série de copos, quando se deixou arrastar pelos seus colegas, que para não ficar mal visto não quis recusar.
Além de percorrer alguns dos bares da zona da Ribeira, acabou finalmente por conhecer uma discoteca, levado pelo seu grupo divertido. Nunca tinha dançado e entrado num lugar assim.
Como já ia bem disposto das bebidas anteriores, nem parecia o mesmo, deixando-se agarrar pelas raparigas mais atrevidas que o levavam para dançar e correspondeu todo animado.
Da dança a outro tipo de envolvimento foi um ápice, dado que já não pensava por si sóbrio mas encharcado de álcool que lhe aturdia as ideias e o fazia deixar-se levar com uma descontracção tremenda.
Assim, foi apanhado na teia por uma das meninas mais animadas, que já antes se tinha interessado por ele, mas ainda não tinha tido sorte.
Agora ambos bem bebidos, conseguiram descontrair-se e agarrarem-se com um certo prazer, acabando a noite no quarto dessa colega de turma.
E foi nessa noite que Manuel perdeu a virgindade em muitas das coisas que ainda não tinha tido o prazer de viver.
Acordou meio desnorteado e uma certa vergonha de se ver na cama da sua amiga. Pareceu-lhe tudo um sonho, mas afinal tinha sido realidade.

---Trecho escrito por Paula Costa --- 10.04.2008 ----- (continua)

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