segunda-feira, 9 de junho de 2008

Conto 3: "Traição" - Parte 13

Passou uma semana depois de se reverem.
Gabriela não quis ser precipitada e deixou passar uns dias mas estava ansiosa para fazer aquele convite prometido antes que fosse tarde.
O seu coração voltou a palpitar quando teve a surpresa de voltar a ver Manuel, o amor que nunca esqueceu, e que por uma asneira perdeu, fazendo-a desviar-se dele. Mas depois daquele encontro, decidiu que ainda poderia lutar para ser feliz, o que viveu anteriormente não podia ficar esquecido e se tivesse tacto e pudesse demonstrar o quanto ainda o amava, que foi o único homem que amou na vida, não poderia descurar agora de o fazer com todas as forças. Além disso o seu filho adorava Manuel, até nisso poderia ter ajuda. Parece que Deus não dorme nestas alturas e nos faz testes para ver como nos conseguimos desenvencilhar das barreiras que nos coloca na frente.
Gabriela decidiu nesse dia telefonar a Manuel. Treinou direitinho o que dizer para na altura não vir a gaguejar. Estava super nervosa mas tinha de ser, era aquilo que queria, o pior que podia acontecer era não ser correspondida, mas iria utilizar toda a sua sensualidade e fazer crer a Manuel que ainda lhe era muito importante e que o seu filho também não parava de falar nele, sempre a pedir-lhe para o convidar.
Eram 19,30h e achou aquela hora apropriada, pensando que Manuel já não estaria a trabalhar e talvez já estivesse em casa. Ligou para o número de telemóvel que lhe foi dado. Esperou pacientemente. Demorou a atender mas finalmente teve sucesso.
- Estou sim! – disse Manuel
- Boa tarde Manuel, fala a Gabriela, como tens passado?
Assim tão rapidamente Manuel não contava voltar a falar com ela e ficou meio calado com a surpresa e a medir as palavras para responder.
- Olá Gabriela, estou bem obrigada, não estava à espera de ouvir-te e desculpa o meu silêncio mas fiquei surpreso. Passa-se alguma coisa com o Tiaguinho?
- Não, ele está bem, mas desde aquele dia que estivemos no teu consultório e ficou prometido fazermos um jantar, que todos os dias me chateia para te telefonar a convidar. Desculpa Manuel mas já não o posso ouvir e também será um prazer receber-te em minha casa. Adoraria convidar-te para jantar, amanhã ou depois, depende da tua disponibilidade. Mas por favor não digas que não, temos de conversar, eu sei que há muita coisa a dizer mas erros todos nós cometemos e se soubesses o quanto estou arrependida….
Manuel pensou rapidamente no que dizer e decidiu falar:
- Bem Gabriela, claro que não vou recusar, mais pelo pequeno Tiago, não conseguiria fazer-lhe essa desfeita, mas penso que temos muito que conversar antes de nos enfrentarmos de novo na frente do teu filho. Há coisas que temos de saber jogar e não cairmos em contradição na frente do miúdo, ele não sabe de nada do que se passou e não podemos ficar constrangidos com algo que surja na altura. Portanto seria melhor encontrarmo-nos um dia antes desse jantar e podermos combinar o que dizer e o que não dizer. O que achas?
- Acho muito bem, também era essa a minha opinião mas tive receio de te pedir. Eu saio do meu trabalho às 18,30h e a partir dessa hora poderás marcar uma hora e o local. Digo à minha mãe para ir buscar o meu filho ao infantário e estarei disponível.
- Combinado, por mim pode ser amanhã às 19h. Dá-te jeito na Avenida dos Aliados ou preferes outro local? Não sei onde moras mas eu tenho carro e poderei deslocar-me até lá.
- Pode ser, não me fica muito longe – disse Gabriela.
- Então está marcado, frente aos CTT à hora marcada. Depois vemos onde ir. Até amanhã!
- Até amanha Manuel e muito obrigada – e meio timidamente decidiu dizer – um beijo.
Manuel ainda pensou se responderia de igual modo mas simplesmente desligou o telemóvel. Não conseguiu dizer o que o seu coração mandava mas foi a sua cabeça quem venceu.

---Trecho escrito por Paula Costa --- 09.06.2008 ----- (continua)

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