segunda-feira, 30 de junho de 2008

Conto 3: "Traição" - Parte 14

Ambos tentaram esmerar-se para aquele encontro. Gabriela fazia mais sentido porque queria conquistar novamente o seu antigo amor. Agora Manuel, que recusava a si mesmo qualquer tipo de relação com a sua ex-namorada, não conseguia perceber porque queria dar tanto nas vistas e sentir uma grande ansiedade para aquele encontro chegar depressa. Martirizava-se de pensar assim, dizia que não queria mas não tinha forças para lutar contra o seu coração.
Era época de verão, mês de Julho, e esse dia estava muito quente.
Gabriela decidiu usar um vestido bem leve de vários tons de azul e branco com alcinhas, cintado, um pouco acima do joelho. Completou com uma sandália com tirinhas brancas de salto alto e uma carteira pequena da mesma cor. Maquilhou-se em tons suaves a condizer com o que vestia. Estava uma linda senhora e pronta para conquistar Manuel, mas bastante nervosa e com medo de não conseguir limpar o seu passado.
Manuel olhou várias vezes para o seu guarda-roupa e experimentou algumas peças, indignando-se em perder tanto tempo, quando em dias normais escolhia rapidamente. Queria mostrar que se tinha tornado numa pessoa de bem com a vida depois do afastamento que tiveram. Aquele aldeão de antigamente já não tinha nada a ver com ele e agora era um doutor e muito bem conceituado. Decidiu vestir uma camisa rosa clara com umas listas brancas muito fininhas. A calça era em tom azul-escuro e o casaco, que completava o fato, decidiu levar na mão e ficaria no carro porque estava calor. Os sapatos que decidiu levar foram os que lhe ficou mais caro, pretos e de pele genuína.
Na hora marcada, Gabriela já se encontrava à espera quando apareceu Manuel no seu BMW preto e fez final para que entrasse. Gabriela ficou muito admirada com o carro em que apareceu, nunca pensou que tivesse subido tão rápido na vida.
- Boa tarde Manuel, tens um lindo carro! Posso entrar?
- Olá, claro que sim. Posso levar-te a um sítio para jantar e conversarmos à vontade ou tens pressa?
- Podes sim, avisei a minha mãe que iria me encontrar contigo e pela hora que marcamos poderia chegar mais tarde e até depois do jantar, portanto estou à vontade. Só terei depois de lhe telefonar para ver se está tudo bem com o meu filho.
- Então podemos ir jantar a Espinho, conheço lá o bom restaurante e com bom espaço onde poderemos conversar mais reservadamente e sem muitas orelhas a escutarem – a caminho.
Mantiveram-se quase calados nesse pequeno trajecto de cerca de 20 km. Nenhum quis puxar o assunto que ali os levavam e preferiram deixar para ser discutido na mesa de jantar. As poucas palavras que trocaram foram sobre o pequeno Tiago, coisas vãs que se falam, como o tempo, as férias, o trabalho, etc.
Entretanto chegaram ao local e deslocaram-se lado a lado para o restaurante.
Manuel quis impressionar e escolheu um restaurante de requinte. Gabriela estava sem palavras e pouco à vontade com aquele luxo.
Foram encaminhados para uma mesa ao fundo da sala e onde não havia quase ninguém nas mesas do lado.
Muito bem decorado, a meia-luz, as mesas redondas contendo uma jarrinha com uma rosa e uma vela num castiçal. As tolhas eram vermelhas e compridas com outra mais pequena por cima de tom bege.
Sentaram-se e foi-lhes entregue o menu para escolherem. Gabriela preferiu que Manuel escolhesse, dado já conhecer o restaurante.
A especialidade do restaurante era Cabritinho em forno a lenha e decidiu pedir, porque também sabia os gostos de Gabriela. Pediu também vinho tinto do Douro.
Enquanto esperavam pelo jantar, comeram algumas das entradas que lhe foram colocadas na mesa e começaram então a conversar sobre o que ali os levava.

---Trecho escrito por Paula Costa --- 30.06.2008 ----- (continua)

1 comentário:

MRobalinho disse...

gostei de conhecer o site.

Vou acompanhar o conto!


Abraço
Manuel Robalinho
http://mrobalinho.blogspot.com/