
- Bom dia Tiago, como combinado aqui estou eu a cobrar-te para que me recebas hoje em tua casa, tenho muita urgência em falar contigo, mas como estiveste fora estes dias decidi aguardar.
- Tudo bem Joana, podes passar em minha casa a partir das 21 horas, seja lá qual for o assunto, espero que seja breve porque preciso de descansar.
- Bem, mas que cansadinho que ele anda, pudera também não te dão descanso! – e deu uma gargalhada maliciosa.
- Não tens nada com isso, apareces logo e falamos mas não me venhas com histórias, até logo – e desligou sem esperar mais nenhuma resposta da parte dela.
Estava intrigado e curioso de saber que seria que lhe queria contar, tinha de ter cuidado porque Joana era ardilosa. Teria de medir bem as suas palavras e não se precipitar em lhe dar qualquer resposta sem pensar bem antes. Tudo o que pudesse fazer para ganhar tempo seria o ideal.
Todo o dia andou pensativo e aquela história não lhe saia da cabeça e nem o trabalho lhe rendia. Tinha de resolver tudo para esquecer de vez desta tramóia.
Nesse dia não se iria encontrar com Madalena e colocou-a ao corrente do que se iria passar, que depois de Joana sair de sua casa lhe ligaria logo. Pediu-lhe para não ficar preocupada e ter calma e que confiasse nele.
Chegou rapidamente a hora esperada e passavam poucos minutos das 21 horas quando Joana apareceu.
- Pontualíssima! – disse Tiago.
- É verdade, antes que fugisses de novo – e riu-se do que disse.
- Entra, senta-te e conta lá o que me queres dizer!
- És mesmo mal-educado, nem ofereces um café ou uma bebida!?
- Tudo bem, já sei do que gostas, vou servir-te um Porto! Podes ir falando!
- São dois assuntos que me trazem aqui, o primeiro: - Sabias que a tua amiga Madalena é casada? Ela deve andar a enganar-te!
- Sei muito bem e tu não tens nada a ver com isso, vamos resolver este assunto brevemente e espero da tua parte sigilo absoluto, as coisas tem de correr a bom termo e sem outros a meterem-se nisso. Pelos momentos que passamos juntos, espero de ti Joana, que consideres este pedido. Sei muito bem que conheces o marido da Madalena e já estava à espera que me atirasses isso à cara.
- Ah então a tua amiguinha conheceu-me e não disse nada, ficaram ambos caladinhos e provavelmente cheios de medinho! – e não parava de ironizar e de mandar achas para a fogueira.
- Não se trata disso, Madalena nem te reconheceu logo, só sabia que não lhe eras estranha e mais tarde recordou-se, dado que tu também a miravas duma maneira que a fez desconfiar. Só teve a certeza quando soube para quem trabalhaste quando andavas comigo. Mas qual é o segundo assunto?
- O segundo assunto, não sei se vais gostar ou não gostar, mas eu estou à espera dum filho teu, estou grávida de mais de três meses.
Tiago já sabia da história da gravidez pela rapariga de nome Patrícia que tinha falado, mas nunca calculou que Joana viesse agora à procura de um novo pai para o seu filho e que o tivesse escolhido a ele. Ficou surpreso com esta revelação e com cara de pasmo. Ao mesmo tempo tentou arranjar palavras, sem se precipitar, para tentar dizer algo sem que ela soubesse que ele já tinha tirado informações a seu respeito e que sabia da sua gravidez, mas que nem tinha a certeza de ser verdade ou se seria jogo dela com todos os que se relacionou para tirar proveito.
- Como assim se tomávamos todas as precauções? – disse Tiago.
- Eu disse-te que tomava a pílula e tu usavas camisinha mas nem sempre, lembras-te? Pois eu não te contei mas o médico aconselhou-me a não tomar mais a pílula por causa de alguns exames que fiz e nem sempre tivemos cuidado e aconteceu. Pensei que nesses dias de descuido não tivesse no período fértil, mas o certo é que aconteceu.
- Tens a certeza do que me estás a dizer Joana, eu não sei da tua vida depois de acabarmos, com quem andaste mais?
- Com ninguém, eu nunca te esqueci, nunca mais houve alguém depois de ti.
Tiago quis ganhar tempo e não disse o que sabia e falou-lhe calmamente.
- Tudo bem Joana, se for o pai isso depois vai-se saber, assumirei o meu filho concerteza, mas não esperes mais nada de mim além disso, não vou voltar para ti.
- Tenho imensa pena, continuo a amar-te como antes, adoraria formar uma família contigo Tiago.
- Vais desculpar-me mas isso nunca será possível e não é por eu ter alguém agora, as coisas entre nós nunca funcionaram e eu seria incapaz de ter outro relacionamento contigo que não seja de amizade. Agora, como te disse antes, deixa-me descansar e voltaremos a falar, pode ser?
- Claro que sim, voltarei a falar contigo quando for oportuno – disse Joana.
- Sim, estaremos sempre em contacto e se precisares de algo diz. Agora não te esqueças do que prometeste em relação à Madalena, peço-te sigilo sobre nós.
- De acordo, logo que também cumpras com os teus deveres de pai, está tudo bem – disse em tom de ameaça.
Despediram-se e Joana saiu, deixando Tiago com uma tremenda dor de cabeça.
------Trecho escrito por Paula Costa em 24.10.2007 --------(continua)----------