sexta-feira, 16 de novembro de 2007

2º Conto - "Encontro Ocasional" - (Parte 20)

De manhã cedo, na casa de Madalena, tocam à porta com insistência e ela acorda sobressaltada. Fica à espera que alguns dos criados apareça a dizer alguma coisa, enquanto veste um robe e passa uma água pelo rosto. Não demorou muito até que Camila batesse na sua porta.
- Bom dia minha senhora!
- Bom dia Camila, que se passa? Quem tocou à campainha a estas horas?
- Estão lá em baixo dois inspectores da Polícia Judiciária e querem falar com os donos da casa.
- Não disseram o assunto? – perguntou Madalena.
- Não senhora, pediram só para chamar os senhores.
- Muito bem Camila, diz aos senhores que eu já desço e entretanto vai ali ao quarto de hóspedes chamar o Sr. Sérgio, que hoje ele ficou lá a dormir – e para que Camila não estranhasse esta separação, emendou – ele encontra-se meio engripado e decidiu lá ficar para não me pegar a doença.
Enquanto vestia uma roupa mais adequada para receber as visitas, Camila voltou a bater na porta.
- Minha senhora, o Sr. Sérgio não se encontra no quarto e procurei na casa e também não o vi, deve ter já saído muito cedo porque nem eu nem o Gervásio demos conta de ele sair.
- Mas que estranho, pronto tenho de ser só eu a recebê-los, eu já desço daqui a 10 minutos. Avisa lá em baixo os senhores!
Já arranjada Madalena desceu a escadaria e cumprimentou os inspectores.
- Bom dia, então podiam dizer-me a que se deve esta visita tão cedo?
- Bom dia D. Madalena, somos da Judiciária. Temos um mandato para levarmos connosco o Sr. Sérgio Nogueira.
- A minha empregada já o foi chamar ao quarto mas ele não se encontra. Mas que aconteceu? Ele vai ficar detido? De que suspeitam?
- Ele é acusado de ser o mandante do assassinato de Joana Moreira. Foi denunciado pelo homem que cometeu o crime dado que lhe encomendou o serviço, deu-lhe um adiantamento pequeno e que depois lhe pagaria o resto. Como não o fez, recebemos uma gravação juntamente com uma carta a denunciá-lo e que testemunha pelas vozes que são ouvidas, ser ele mesmo o mandante do crime.
Madalena ficou de boca aberta. Quem diria que o seu marido tinha feito aquilo.
- Dado que seu marido não se encontra, agradecemos que a D. Madalena nos acompanhe à Judiciária – disse um dos inspectores.
- Eu não tenho nada a ver com o assunto, estou surpresa como podem ver, juro que não sabia de nada – disse Madalena assustada.
- São meras formalidades, todos têm de prestar declarações e serem ouvidos, não se preocupe.
Madalena pediu que aguardassem na sala para que pudesse tomar o pequeno-almoço rapidamente e de seguida acompanhou-os à Judiciária. Pelo caminho ligou ao seu advogado para que fosse lá ter e poder agir de maneira mais apropriada. Enquanto o advogado não chegou não foi ouvida porque teve ordens nesse sentido.
Quando foi chamada a depor, fizeram-lhe variadíssimas perguntas relacionadas com o crime, se conhecia Joana Moreira, onde se encontrava a certas horas e com quem, se sabia do relacionamento do marido com essa pessoa, se sabia dos negócios escuros em que o marido andava metido e se sabia das dívidas enormes que mantinha na banca e em variadíssimas empresas.
Madalena ficou atordoada com todas estas informações. Pelo que soube naquela hora o seu marido estava na falência e pela ausência de casa de manhã cedo tinha fugido não se sabe para onde. A sua casa já estava hipotecada, só lhe restava alguns bens que estavam no seu nome, como o seu carro e algum dinheiro que mantinha numa conta à parte desde há muito pouco tempo quando começou a pensar mais seriamente na separação. Mas era ainda pouco para o que estava acostumada a ter. Algumas jóias também estavam guardadas no cofre do banco, parece que adivinhava.
Depois de sair da polícia arrasada, ligou para Tiago a chorar e informou-o de tudo. Disse que tinha de abandonar aquela casa em dois dias a mando da polícia e que já nada lhe pertencia. O seu marido tinha fugido por imensas vigarices e crimes e era procurado pela polícia para ser detido.
- Tiago, não quero ficar mais um minuto naquela casa, vou fazer as malas e levar tudo o que é meu. Podes vir ter comigo e ajudar-me a levar as coisas para tua casa? Queres que vá morar contigo já?
- Mas é claro minha querida, há muito que é isso que eu quero, não era assim desta maneira mas parece que tudo se proporcionou que fosse mais rápido. Daqui a cerca de 1 hora estou em tua casa. E tem calma, vamos ser felizes os dois e eu não sou nenhum pobretanas. Até já meu amor.

------Trecho escrito por Paula Costa em 16.11.2007 --------(continua)----------

1 comentário:

Mia disse...

Menina, mas que romance..espero que um editor te convide a publicar. parabéns.
Beijinhos
Mia