sexta-feira, 24 de agosto de 2007

2º Conto - "Encontro Ocasional" (Parte 4)

O mordomo esperava à porta para o levar à garagem, quando Madalena, ainda na ombreira da porta se atreveu a propor:
- Tiago, pensando melhor, porque não passa aqui a noite e amanhã ajuda-me com o mecânico, existe vários quartos de hóspedes sempre prontos. Faz-me essa vontade?
Tiago hesitou, mil imagens lhe passaram pela cabeça, cada qual mais agradável que a outra. Desejoso por aceitar ainda respondeu reticente:
- Ora, não quero incomodar e sempre posso voltar amanhã.
- Insisto! – disse Madalena.
- Está bem aceito! - subindo novamente a escadaria de acesso à entrada principal do casarão.
- Gervásio, o senhor já não vai sair, pede à Camila que prepare o quarto de hóspedes do 1ºandar junto ao meu!
Madalena quando teve Tiago ao seu alcance deu-lhe a mão e conduziu-o novamente à sala de estar.
Sentou o seu convidado num amplo sofá junto à lareira, agora apagada, dirigiu-se a um móvel junto a uma janela, colocou um CD de música clássica e dirigiu-se ao sofá, sem antes pelo caminho ter tocado uma sineta. Sentou-se junto de Tiago e perguntou se era servido de um whisky ou um conhaque.
- Muito obrigado! - disse Tiago - aceito um conhaque.
- Gervásio, por favor um conhaque para o meu amigo e para mim um xerez, e vais ligar para a pensão…! – e virando-se para o seu amigo – Tiago, qual é a pensão em que se vai hospedar?
- É a pensão Vilar do Paraíso.
Voltando-se novamente para o mordomo continuou – liga para a pensão Vilar do Paraíso e avisa que o senhor Tiago só dará entrada amanhã.
O relógio avançava rapidamente, já eram 23.45h, estavam ambos cansados da viagem, no entanto a conversa estendeu-se noite dentro. Preocupada por ser tão tarde, chamou o mordomo e perguntou se o quarto do Sr. Tiago já estava preparado, ao que o mesmo respondeu afirmativamente. Então ordenou que ele e Camila se fossem recolher, que ela mesmo acompanharia o Sr. Tiago ao quarto.
- Muito boa noite senhora e senhor – disse cortesmente o criado.
- Boa noite Gervásio.
- Tiago, continuando a nossa conversa, dizia que vinha descansar estes dias, tem algum itinerário programado?
- Não, eu gosto de descobrir o desconhecido, uso um local como base e depois desloco-me na região descobrindo o que de mais interessante tiver esse local para oferecer, procuro bons locais para comer, monumentos, exposições, bibliotecas, etc., e assim passo o tempo.
- Estou tentada a oferecer-me como sua guia, pois eu conheço bem estas paragens ao redor, aceita?
- Tenho todo o gosto, assim podemos aproveitar melhor o tempo, tirando proveito destes lugares, que eu acredito irão ficar mais lindos ainda na sua companhia, só tenho a impressão que não vou dar tanta atenção ao que iremos visitar pois a sua presença vai me distrair nesse sentido.
- Ora, vamos aproveitar e bem, acredite.
- Vamos subir? – disse Madalena.
- Porque não, já se faz tarde.
Subiram ao 1º andar, cruzaram vários corredores, e finalmente Madalena diz:
- Aqui é o teu quarto e gostava que nos tratássemos por tu, não te importas pois não? – Sorriu-lhe e obteve logo o seu consentimento.
Abriu-lhe a porta e pôde observar-se um lindo quarto estilo clássico, onde já se encontravam as malas que trazia no carro, uma ampla cama com dossel, um sofá ao fundo da cama, amplos roupeiros, tapetes de pêlo alto e fofo, tudo muito convidativo. Tiago agradeceu e desejou uma boa noite a Madalena, que dirigindo-se para a porta de saída ainda disse:
- O meu quarto é aqui mesmo ao lado, se precisares de alguma coisa é só chamares.
- Muito obrigado, acredita que se precisar irei bater-te à porta do quarto.
- Espero que precises – rematou Madalena já a cruzar a porta e olhando por cima do ombro, oscilando as ancas em tom provocatório – os criados moram fora da casa, estamos sozinhos, só eu te poderei “servir” se precisares – disse em tom mais irónico.
A noite promete, pensou Tiago...

------Trecho escrito por Américo Ribeiro em 23.08.2007 --------(continua)-----

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