domingo, 8 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 4)

Entretanto em casa Sandra telefona para a sua amiga Cristina.
- Olá Cris, o bonitão já colocou os seus belos pezinhos na minha casinha – e deu uma valente gargalhada.
- Tu não existes, és mesmo maluca! ….tem mas é cuidado que ainda te metes em trabalhos, se ele desconfia ainda te move algum processo.
- Não desconfia nada, não pode desconfiar do que não vê, quando o tiver no papo, já não vai haver mais gemidos nem telefonemas, mas depois também não será preciso, com o meu poder de conquista ele não me resistirá. Vai pensar que era obra dum tarado qualquer e que desistiu….no final nem me vai cobrar nada, mas se quiser eu pago-lhe …. com o suor do meu corpo – e ria-se a seu belo prazer.
- Bem amiga, espero mesmo que não faças asneiras, para que te falei eu que esse advogado era uma brasa. Até amanhã e depois conta-me as novidades…beijos querida.
- Beijos Cris, até amanhã, e bico calado!
Desligou e espreitou pela janela a ver se o via pela rua ainda na sua missão de detective contratado, mas como não avistou nada decidiu acender as luzes da casa e preparar-se para se deitar toda bem disposta por tudo estar a correr tão bem como tinha planeado.
Desde que viu aquele homem, decidiu que um dia seria seu, pois era feito à sua medida – alto, moreno, vestia com primor, bem-falante, profissão a condizer e capaz de lhe proporcionar uma vida estável.
No dia seguinte quando chegou ao seu trabalho, mal se sentou na secretária do seu gabinete a primeira coisa que fez foi ligar para Carlos.
- Bom dia Doutor, fala a Sandra.
- Ora então muito bom dia, já sei que é a Sandra, a sua voz é inconfundível – disse sorrindo – Então conte-me novidades.
- Pois é, não tive nenhuma chamada, parece que é alguém que me vê mesmo chegar de carro ou então que vê luzes quando chego e que me faz isto, mas eu não posso andar sempre às escuras e a deixar o carro em zonas ainda mais longe para que não seja vista. Isto tem de ser resolvido – disse mantendo um ar preocupado e convincente.
- Parece que temos de fazer outros planos, talvez deva entrar juntamente consigo em casa, ir no seu carro para que sejamos vistos e ver se mesmo assim têm coragem de telefonar.
- Parece-me bem, eu quero resolver isto o mais depressa possível antes que entre em depressão, não estou com disposição de meter policia na área … quando é que o Doutor tem disponibilidade? Por mim é quando quiser.
- Sandra, pode ser hoje? – disse ansioso.
- Claro que sim, só não quero alterar-lhe a sua vida privada.
- Não altera nada, será um prazer tratar-lhe deste assunto e ao mesmo tempo ter uma excelente companhia como é a sua.
- Então convido-o para jantar em minha casa em troca do requintado jantar que o Dr. me ofereceu. Aceita?
- Aceito só com uma condição.
- Oh, diga qual, se estiver ao meu alcance.
- Vamos tratar deste assunto como se fossemos amigos e portanto seria de bom-tom que deixasse-mos as formalidades de lado, que tal tratar-me só por Carlos?
- Óptimo, eu já estava a ficar aflita … então eu vou buscar o Carlos a que horas, para que sejamos vistos no meu carro?
- A partir das 19h mais ou menos estarei livre, pode vir buscar-me aqui ao meu escritório daí em diante.
- Então eu prepararei tudo em minha casa para o jantar e quando aí chegar dou-lhe um toque para o seu telemóvel para o avisar que estarei na rua à sua espera, está bem assim?
- Certíssimo, fico à sua espera. Até logo Sandra.
Desligou e Sandra tratou de fazer o seu serviço para que chegasse ao fim do dia pronta para sair a horas. Era secretária de uma empresa ligada à construção civil e lidava com inúmeros engenheiros, que lhe passavam todo o serviço administrativo.
Ultimamente andava sem paciência para aquele serviço e decidida a fazer mudanças, porque até desses engenheiros nenhum lhe interessava minimamente, eram todos direccionados para o trabalho e pouco amigáveis extra-trabalho. Essa não era a vida que queria para si e então há que tratar do seu futuro.
Para isso teve que investir melhor no seu guarda-roupa, tinha que impressionar. Também teria de ser sempre simpática e conseguir cativar as suas presas. Então nada melhor que um advogado de renome e com boa pinta.
Para conseguir suportar todas estas despesas, do seu melhoramento de visual, teve de se sujeitar a um trabalho extra que era feito à noite numa boite. Dançava para os clientes e fazia streptease, duas a três vezes por semana, por isso, nessas alturas, chegava a casa depois das 2h da manhã.
Chegou as 18h e Sandra saiu apressadamente dando a desculpa que nesse dia tinha uma consulta médica e não poderia sair mais tarde, como acontecia quase sempre, dado que o trabalho era imenso.
Voou para casa para preparar o jantar, arranjar-se irresistivelmente e depois poder ir buscar Carlos.
Pensou que tinha antes que ligar à sua amiga Cristina e pô-la ao corrente dos acontecimentos. Será que lhe devia pedir para fazer uma ligação lá para casa na hora que Carlos já lá estivesse e simular uns gemidos? Ou devia deixar correr a situação como se eventualmente fossem vistos pelo suspeito e ficasse intimidado e não ligava?

------trecho escrito por Paula Costa ------ (continua) ----------

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