sábado, 7 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 3)

E assim foi. Sandra, conduzindo o seu Skoda Octávia arrancou, não sem antes se ter certificado que Carlos também não tinha tido nenhum problema no seu Alpha GT. A viagem não demorou muito, devido ao pouco transito àquela hora e também porque os carros respondiam ambos à pressão exercida nos aceleradores. Só que, já muito perto da casa de Sandra, Carlos notou um abrandamento súbito no carro da sua cliente, ao mesmo tempo que o viu perder um pouco a estabilidade. A seguir, viu o Skoda parar na berma da estrada. Carlos parou também e saiu para saber o que tinha acontecido. Não foi necessário perguntar nada, notou logo que o pneu traseiro do lado esquerdo estava em baixo. Dirigiu-se à janela do carro de Sandra e disse-lhe:
- Nada de importante. Apenas um furo.
- Senti o carro derrapar um pouco e notei logo que deveria ser um furo – respondeu Sandra.
- Agora temos duas soluções, ou substituímos o pneu ou vamos no meu e amanhã pede à assistência em viagem que venham substituir o pneu.
- Não sei por qual devo optar, como deve calcular o carro é o meu instrumento de trabalho e amanhã de manhã ele faz-me falta.
- Nada que um táxi não resolva – disse Carlos.
- Também é verdade – respondeu Sandra.
- Vamos no meu?
- Sim, parece ser a melhor solução.

Sandra saiu do seu carro não se esquecendo da sua pasta, trancou-o e foram ambos no Alpha de Carlos.
O furo tinha acontecido não muito longe da casa de Sandra, por isso, alguns minutos depois, ela deu a indicação onde poderia estacionar. Sandra saiu primeiro, dizendo ao advogado qual a porta de sua casa, o andar e o lado. Ele sairia passados alguns minutos, tocava à porta e ela abriria para ele subir. Tinham entretanto combinado que ela não acenderia qualquer luz que fosse visível da rua.
Enquanto esperava que Sandra subisse, Carlos fez um rápido exame ao complexo habitacional: Um bloco com 5 ou 6 portas de entrada, edifícios de 3 andares, rua bem iluminada e àquela hora nenhuma luz vinda de qualquer janela. Quando calculou que Sandra já tivera tempo de entrar em casa, saiu do carro e encaminhou-se para a porta do edifício da sua cliente. Tocou à campainha, a porta abriu-se e ele subiu.
Sandra esperava-o à porta: apenas a luz do hall acesa, o que não permitiu que Carlos desse um rápido olhar pela casa. Ela convidou-o a entrar.
- Não acenda qualquer lâmpada – pediu Carlos.
- E se eu fechar os estores?
- Prefiro que fiquemos apenas com essa luz do hall que não se vê lá fora.
- Tudo bem, acho que consegue ver o suficiente até chegar ao sofá?
- Sim, vejo, agora é só esperar que o telefone toque.
- Entretanto podemos beber qualquer coisa, para mim um pouco de vinho branco que tenho no frigorífico. E para si?
- Também pode ser, faço-lhe companhia Sandra.
Ela foi buscar os copos e a garrafa e sentou-se no sofá em frente. A pouca luz não permitia ver quase nada, mas Carlos adivinhou que Sandra cruzara as pernas e que saboreava com invulgar prazer o vinho branco quase gelado que ambos tragavam com indesmentível prazer. Esperaram uns 10 minutos e o telefone não tocou.
- Primeira conclusão a tirar, quem lhe liga vê quando chega o seu carro. Hoje não viu o carro, por isso ainda não ligou!
- Outra conclusão, também não viu luz e por isso imagina que ainda não estou em casa – disse Sandra.
- Também é verdade. Nesse caso, a Sandra não vai acender nenhuma lâmpada, vai-se deitar só com esta luz de entrada e amanhã me dirá se o telefone tocou ou não. De acordo?
- Sim, de acordo. Mesmo quando for tomar banho, não acenderei qualquer luz.
- Amanhã, quando chegar ao seu local de trabalho, telefone-me a dizer o que aconteceu ou não aconteceu. E não se esqueça de pedir para irem substituir o pneu do seu carro.
A despedida foi apenas um beijo na face. Mas Carlos não deixou de notar o perfume de Sandra, qualquer coisa de agradável e bastante sugestivo.
E foi com alguns pensamentos muito “nocturnos”, que Carlos conduziu o seu Alpha até sua casa.

------trecho escrito por Orlando ------ (continua) ----------

Sem comentários: