terça-feira, 24 de julho de 2007

1º Conto - "Sandra e Carlos" (Parte 10 e Final)

Ele já estava sentado à sua espera. Sandra avaliou aquela pessoa de alto a baixo e gostou da sua aparência. Tinha uma alta estatura – lembrou-se do seu Carlos – era idêntico. O cabelo castanho, empestado de gel, todo penteado para trás, pele morena. Os olhos também eram castanhos, pois conseguia-se ver mesmo por detrás daquela pequena máscara. Usava um bigodinho muito fininho que lhe dava um ar de D. Juan. Vestia-se com um gosto apurado. Começou a agradar-lhe ter que fazer este “Table Dance” e então disse cheia de simpatia:
- Boa noite, posso começar?
Ele só acenou com a cabeça a dizer que sim e sorriu.
Sandra fez o que lhe competia com muita destreza e um certo prazer, tentando provocá-lo ao máximo e sentia que estava a conseguir fazê-lo bem, dado que o olhar dele brilhava de entusiasmo e as suas mãos pareciam agitar-se a querer tocá-la, coisa que não era permitida. Mas Sandra é que, de vez enquanto, lhe passava as mãos pelo corpo deixando-o ainda mais excitado. Ao mesmo tempo ele sorria matreiro e lambia os lábios, provocando-a também. A uma dada altura, no meio da sua dança, ele retira uma nota do bolso e prende-lhe no fio que segurava a tanguinha. Como a ambição de Sandra era muito forte, esforçou-se ainda mais para conseguir outras iguais, demorando mais tempo a despir-se das suas pequenas vestes. E obteve mais algumas até ao final, quando se encontrava totalmente despida, acabando sentada no colo dele, ousando cravar-lhe um beijo nos lábios cheia de sensualidade, ao que ele correspondeu. Levantou-se e agradeceu:
- Muito obrigada, espero que tenha gostado! – disse Sandra.
Sem falar nada ainda, ele retira do bolso um envelope e entrega-lhe. Ela abre e começa a ver o conteúdo – pensando inicialmente que se tratava de mais algum montante – quando repara que se tratava de uma factura no valor de 750€ do seu advogado Carlos Costa, ficando estupefacta. Num gesto rápido retira-lhe a máscara e vê que tem na sua frente o próprio Carlos, que retira de seguida aquele bigodinho que estava ali só para disfarçar.
- Mas que é isto? – diz Sandra surpresa.
- Bem minha amiga, como podes observar, isso é o que vais ter que me pagar pelos serviços que me encomendaste. Em anexo tens o extracto da tua conta de telefone, mencionando os números para quem ligaste e os números que ligavam para ti. Parece que havia um fantasma que ligava a umas certas horas, que nem registado ficava. – disse Carlos ironicamente.
- Não me podes fazer isto! – disse assustada.
- Não me contrataste para te fazer um serviço? Quando entraste pela primeira vez no meu escritório, tive logo a certeza que te conhecia de algum lado. Logicamente mais tarde recordei-me de onde, dado eu já ter frequentado esta casa antes minha linda. Disse-te ontem que te ia dar novidades, fiz o meu serviço e exijo ser pago por ele. Tens tudo por escrito, e podes ver as voltas que tive de dar para desvendar o teu mistério. Com o trabalho não se brinca Sandra e tens 1 mês para me pagar, senão será ainda pior para ti! Tem uma boa noite e não me apareças mais na frente, manda o cheque pelo correio se faz favor! – arrancou-lhe as notas da mão e saiu porta fora.
E foi assim que uma noite que parecia de glória virou um pesadelo. A sua ambição deixou-a tão cega que não olhou a meios para subir na vida e teve a lição que merecia.

------trecho escrito por Paula Costa em 24.07.2007------

---------------------------------------Fim----------------------------------------------------

1 comentário:

Mia disse...

Muito bem. Há futuro. É só continuar. Parabéns Paulinha.
Beijo
Mia